O aumento gradativo da temperatura, a partir dessa época do ano, favorece viagens a locais como praias desertas, ilhas e vilarejos. O problema é que, muitas vezes, pequenos paraísos naturais não têm infra-estrutura adequada para receber visitantes e oferecer ideais condições de higiene e saúde. Por isso é que, antes de sair de casa, o ideal é se informar quanto às condições sanitárias oferecidas pelo destino e se é recomendável tomar alguma vacina. Tudo isso para evitar voltar para a casa trazendo na bagagem péssimas recordações.
A hepatite A (inflamação no fígado) é uma das doenças relacionadas com a precariedade do sistema de saneamento básico e com a falta de cultura de higiene. Por isso, de maneira geral, prevalece nos chamados países subdesenvolvidos e em desenvolvimento.
“A hepatite A ocorre principalmente em locais com problemas de saneamento básico porque a transmissão é fecal-oral: deriva da ingestão de líquidos ou alimentos contaminados pelas fezes de uma pessoa doente”, explica o médico Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, professor-assistente de Infectologia Pediátrica da Faculdade de Medicina da Santa Casa de São Paulo.
Os sintomas são febre, sensação de fraqueza, náuseas, vômitos, falta de apetite e icterícia (coloração amarelada dos olhos e da pele). Esses sintomas são mais freqüentes em adultos, a grande maioria das crianças não apresenta sinais da doença. Entretanto, adultos e crianças podem desenvolver a hepatite fulminante, que somente um transplante de fígado pode salvar a vítima.
Grupo de risco
Os viajantes são considerados um grupo de risco da hepatite A. “O maior perigo ocorre quando indivíduos que nunca tiveram a doença se deslocam para áreas de média e alta endemicidade porque a chance de contraí-la é alta e as complicações são mais freqüentes em jovens e adultos”, alerta Jéssica Presa, gerente-médica da Aventis Pasteur, líder mundial na pesquisa e produção de vacinas.
Segundo o médico Marco Aurélio Sáfadi, em função da melhoria das condições sanitárias, houve uma redução significativa dos índices da doença. Hoje tem-se no Brasil uma endemicidade intermediária; há dez anos, era alta endemicidade. Para o médico, a vacinação é o meio mais eficaz de prevenção contra o vírus HVA, o causador da hepatite A, porém, a vacina não está disponível na rede pública, somente nos centros imunobiológicos especiais para um público específico (portador de doença do fígado). A boa notícia é que ela é segura e eficaz. Marco Aurélio Sáfadi explica que bastam duas doses com seis meses de intervalo para se manter protegido por pelo menos 25 anos.
Além disso, de maneira geral, a hepatite A pode ser evitada com cuidados básicos de higiene, como beber água filtrada, evitar alimentos crus (especialmente saladas e frutos do mar) em lugares em que não se tem certeza das condições de higiene e não nadar em locais que não estejam bem limpos.