Primeiro foram os franceses, depois os catarinenses e paranaenses disputaram seu território e hoje turistas se acotovelam por um lugar ao sol nos quentes dias de verão. São Francisco do Sul, situada no norte de Santa Catarina, é turística por vocação. Foi descoberta por acaso, em 1504, quando a expedição do francês Binot Paulmier de Gonneville, que havia saído do Porto de Honfleur, em julho de 1503, para alcançar as riquezas das Índias, atracou em suas terras. Os franceses gostaram tanto que acabaram ficando no território por seis meses, convivendo com os únicos habitantes, os índios carijós, comandados pelo cacique Arosca.
A natureza exuberante, responsável por encantar os europeus, tem, até hoje, atraído visitantes do Brasil inteiro e de diversos outros países, consolidando a cidade como importante destino turístico do Sul do Brasil. Apesar disso, a economia de São Francisco é 80% movida pelo porto, o quinto em movimentação de contêineres no Brasil.
Neste ano em que se comemoram os 500 anos de descobrimento, a cidade se evidencia, principalmente, como importante patrimônio histórico. O livro São Francisco do Sul 500 Anos – Construções Históricas, da jornalista Nelci Terezinha Seibl, lançado como parte das comemorações, conta, em 250 páginas, um pouco da história da cidade e, por meio de textos e mais de trezentas fotos, descreve sessenta construções públicas e religiosas, além de trazer à tona informações turísticas e de eventos.
Publicado em português, inglês e francês, está sendo oferecido pelo Instituto São Francisco do Sul 500 Anos a autoridades nacionais e estrangeiras. Além do livro, a cidade está sendo presenteada também com a restauração da Igreja Matriz de Nossa Senhora da Graça, uma construção de 1699, situada na Praça Getúlio Vargas. A obra é feita por meio do projeto Monumenta, do governo federal, que está recuperando imóveis históricos em diversas cidades do Brasil.
Centro Histórico
A igreja matriz tem uma história curiosa, contada pelos guias de turismo. Sua construção, à época, reflexo da melhoria nos cofres do município com a tributação sobre produtos como farinha de mandioca, peixe e aguardente, foi feita em estilo veneziano, com uma única torre, porém, em 1926, sofreu uma grande reforma que a descaracterizou quase totalmente e hoje sua fachada ostenta duas torres. Nos museus da cidade, há fotos da antiga construção, que comprovam a diferença.
O gracioso Centro Histórico é formado ainda por um conjunto de 150 casas tombadas pelo Patrimônio Histórico Nacional e um Mercado Municipal, inaugurado em 1900 e que hoje tem poucos boxes de comércio, mas que virou ponto de encontro de aposentados, principalmente nos fins de semana.
Uma construção do final do século 18, onde já funcionaram a Cadeia Pública e também a Câmara de Vereadores, abriga hoje o Museu Histórico. O seu acervo é formado por objetos doados pela comunidade francisquense, dentre eles, documentos, plantas, jornais e fotos. Além desse, São Francisco tem também um museu temático: o Museu Nacional do Mar, o único do gênero na América Latina, inaugurado em 1991. Um galpão de doze mil metros quadrados, construído em 1903, abriga diversos tipos de embarcações, dentre elas curiosas canoas, botes, veleiros e jangadas, além de instrumentos de navegação.
Uma maquete, construída pelo modelista Conny Baumgart, mostra como era a cidade em 1940, um trabalho minucioso também de pesquisa. De Conny também há uma miniatura da Lespoir, embarcação com a qual a expedição de Binot Paulmier de Gonneville chegou ao território francisquense.
Uma das salas que mais atraem a curiosidade de turistas é a que serve de homenagem a Amir Klink. Lá está, por exemplo, a Paraty, embarcação com a qual o navegador brasileiro cruzou o Oceano Atlântico, vivenciando cem dias de aventura, em uma viagem da Namíbia, na África, a Salvador (BA). Além da embarcação, um conjunto de painéis ilustra uma narrativa da viagem, como um imenso diário. Ao sair da sala, o turista se depara com um pensamento do navegador, que pode ser trazido para qualquer cotidiano: “… porque um dia é preciso parar de sonhar, tirar os planos das gavetas e, de algum modo, começar”.
O Museu Nacional do Mar funciona das 9h às 18h de segunda a sexta e das 10h às 19h, nos fins de semana. O ingresso custa R$ 3. Mais informações podem ser obtidas pelos telefones (47) 444-0808 e 444-1868 ou pelo e-mail museudomar@ilhanet.com.br.
A natureza é o que mais atrai turistas a São Francisco. De um lado, ostenta onze praias; de outro, é banhada pela Baía de Babitonga, pontilhada de pequenas ilhas.
Natureza enche de graça reduto histórico
Danielle de Sisti
Além de história, “São Chico”, como é carinhosamente chamada por moradores e turistas, tem como um dos atrativos principais a natureza. É uma ilha oceânica, banhada de um lado pelo Oceano Atlântico, onde ficam suas onze praias, e de outro pela bela Baía de Babitonga, que se entende frente ao colorido Centro Histórico e cercada por 24 pequenas ilhas. Alguns fazem questão de frisar que, na verdade, o Canal do Linguado, construído pelo homem, em 1940, transformou a ilha em uma península, já que passou a ligá-la à cidade de Joinville.
Passeios de barco pela baía conferem ao turista uma vista interessante da cidade, além, claro, de proporcionar um passeio agradável junto às diversas pequenas ilhas que pontilham as suas águas e que têm suas particularidades.
Todas elas são habitadas, com exceção da do Maracujá. São pequenos paraísos em que alguns poucos privilegiados mantêm suas casas de veraneio. Uma das menores é a Ilha da Baleia, que tem esse nome pelo seu formato. A Ilha da Rita é famosa por ter abrigado a base de combustível da Marinha Brasileira, durante a Segunda Guerra Mundial, para impedir a entrada de navios estrangeiros em território francisquense. A Ilha das Flores é onde os barcos com turistas geralmente param para mergulhos e banhos de mar.
Durante a temporada de verão, são várias embarcações que levam os turistas para fazer esse passeio, movimentando o pequeno cais em frente ao Centro Histórico. A escuna Maraike é uma delas e a única que funciona durante todo o ano. O roteiro tem início no porto, passando pelas ilhas e, nos dias de bastante calor, há paradas para mergulho em uma das prainhas. Na baixa temporada, há saídas diárias às 11h e 14h45 e o passeio dura cerca de uma hora e meia; já, na alta temporada, as saídas são às 10h30, 14h e 17h e o passeio dura duas horas e meia. Custa R$ 10 por pessoa. Informações: (47) 9974-7266.
Praias
O outro lado do continente é banhado pelas famosas praias de São Chico. Ao todo são onze, com características diversas. As praias do Balneário de Paulas – Ingleses, da Figueira, do Salão e do Calixto – são ricas em peixes e mariscos, por isso, assim como a Praia do Forte, atraiem pescadores, profissionais e amadores. A pesca de arremesso tem seu lugar principalmente na Praia Grande, mais especificamente na ponta chamada do Ervino, onde acontece o campeonato de pesca de arremesso, organizado por uma entidade joinvilense, durante o verão.
A Praia Grande, com seus 26 quilômetros de extensão, também agrada surfistas, naturistas e as pessoas que gostam de uma praia mais isolada e silenciosa, embora suas águas sejam para lá de agitadas. Também por suas águas revoltas, a Praia da Saudade ou Prainha, como é mais conhecida, é a preferida dos surfistas e palco de campeonatos o ano todo. Além disso, é a opção para os jovens também à noite, pois abriga grande número de bares e shows.
O Balneário de Capri tem como principais atrações o Capri Iate Clube, as águas calmas e navegáveis e as ruínas de um antigo leprosário. Ubatuba é uma das mais conhecidas e procuradas e Itaguaçu é uma das mais bonitas e também é procurada para pesca de arremesso e surfe. Enseada e Molhe são as ideais para banho e o chamado turismo familiar, por ter águas rasas e calmas, e também por ser a mais bem estruturada com hotéis e restaurantes.
Vila da Glória
Vila da Glória é a parte continental da Ilha de São Francisco. O acesso é feito via ferryboat, na localidade de Laranjeiras, ou lancha que faz a travessia diariamente em vários horários, no embarcadouro situado no Centro Histórico. Formada a partir da Capela de Nossa Senhora da Glória, construída em 1855, e fundada em 1912, a pequena vila é até hoje uma comunidade de pescadores, bastante freqüentada por turistas, principalmente os ecoturistas, já que é rodeada por mata atlântica preservada e muitas cachoeiras, alcançadas somente por meio de trilhas e picadas em meio à mata. Tem praias bem pacatas e bucólicas, com águas muito limpas, como a Praia Bonita. Além disso, a vila recebe muitos turistas em busca de boa gastronomia, já que tem inúmeros restaurantes que servem variadas combinações de frutos do mar.
Forte Marechal Luz
Passeio interessante também é ao Forte Marechal Luz, situado a quinze quilômetros do Centro Histórico, no Morro João Dias. Construção de 1909, feita para proteger toda a costa local de possíveis invasões, o forte retrata a história da Marinha Nacional. Tem um museu e, no alto do morro, quatro canhões e uma bela vista da praia e da Ilha da Paz. É preciso consulta prévia para visitá-lo e o ingresso custa R$ 1 por pessoa. Telefone: (47) 442-2131.
ONDE FICAR
Uma das opções de hospedagem em São Francisco é o Bristol Villa Real Hotel, situado no Balneário de Paulas.
Tem 71 apartamentos, de 35 metros quadrados, todos com vista para a Baía de Babitonga, além de duas suítes de aproximadamente sessenta metros quadrados.
A área de lazer compreende duas piscinas -uma interna aquecida e uma externa – sala de ginástica, sala de jogos com videokê, parque infantil, equipamentos de pesca e disponibiliza passeios de barco pela Baía da Babitonga. Para eventos e convenções, há quatro salas com capacidade para trezentas pessoas em auditório.
Tarifas
As diárias custam R$ 125 nos apartamentos single, R$ 150 nos duplos, R$ 180 nos triplos e R$ 200 nas suítes, incluindo café da manhã.
O hotel situa-se na Rua Francisco Machado de Souza, 1135 – Praia de Paulas. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone: (47) 444-2010 ou pelos e-mails villareal@bristol-hotelaria.com.br e
villareal@ilhanet.com.br.