Para ter uma vida saudável, alguns cuidados especiais na infância podem ser fundamentais. Um deles está relacionado com a reserva de vitamina A no organismo. A falta desse nutriente pode causar sérios problemas de desenvolvimento, principalmente na visão. A deficiência em mulheres grávidas também é considerada grave, pois o leite materno é a principal fonte de vitamina A para o recém-nascido. Mesmo sendo encontrado em fontes naturais, esse nutriente não está presente na alimentação de grande parte da população brasileira. Por isso, o Ministério da Saúde passou a distribuir cápsulas contendo a vitamina em regiões de nível socioeconômico mais baixo, onde a diversificação alimentar é muito pequena.
“A proposta do ministério é promover a alimentação saudável, incentivando o consumo de alimentos ricos em vitamina A, e, de forma complementar, instituir o programa de suplementação dessa vitamina com megadoses em áreas consideradas de risco”, explica Ana Maria Cavalcante, técnica do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A do Ministério da Saúde. “O objetivo é combater e reduzir o índice de infecções relacionadas à deficiência da vitamina, como diarréia, infecções respiratórias agudas e formas mais graves, como a cegueira irreversível em crianças, consideradas um problema de saúde pública”, acrescenta.
No início, as cápsulas eram oferecidas apenas para crianças de 6 a 59 meses das regiões consideradas endêmicas (Nordeste e Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais). Em 2001, o atendimento foi ampliado e passou a incluir mulheres no pós-parto imediato jamais durante a gravidez. “A idéia é garantir o aumento das reservas de vitamina A nas mães. Assim, asseguramos que o leite materno tenha a quantidade necessária do nutriente para crianças de até 6 meses”, assinala Ana Maria.
Estudos recentes identificaram que a quantidade adequada de vitamina A em gestantes reduz a transmissão vertical (de mãe para filho) do vírus HIV e diminui em 40% os casos de mortalidade materna e em 23% os de mortalidade infantil.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera grave a prevalência da deficiência de vitamina A quando os níveis encontram-se acima de 20%. “Em 2001, um estudo feito com crianças menores de 5 anos de idade no estado de Sergipe apresentou 32,1% de prevalência de deficiência de vitamina A”, observa Ana Maria. Pesquisa Nacional de Demografia em Saúde (PNDS), em andamento, deverá trazer dados sobre a situação no Brasil.
programa
O Ministério da Saúde compra megadoses de vitamina A e as encaminha para as secretarias estaduais de Saúde, responsáveis por distribui-las aos municípios. A administração é reforçada durante a Campanha Nacional de Vacinação contra a Pólio e por meio das equipes do Programa Saúde da Família (PSF). As megadoses (cápsulas gelatinosas) são oferecidas na concentração de 100 mil UI (Unidades Internacionais) para bebês de 6 a 11 meses e na concentração de 200 mil UI para crianças de 12 a 59 meses e mulheres no pós-parto imediato.
Entre as funções da vitamina A, estão: redução da gravidade das infecções; aumento das chances de sobrevivência das crianças; auxílio no crescimento do feto e da criança; e participação na construção do processo visual.
O conteúdo das cápsulas de vitamina A vem na forma de óleo para ser espremido na boca. “As crianças devem tomar a megadose a cada seis meses. O recebimento da vitamina é registrado no cartão de vacina”, observa a técnica. A meta do Ministério da Saúde é atender aproximadamente 6 milhões de crianças por ano nas regiões consideradas endêmicas.
Mulheres grávidas não devem tomar a megadose, pois seu uso pode causar malformações no feto. A distribuição das cápsulas para as mulheres é feita no pós-parto imediato, ainda nas maternidades, antes da alta hospitalar. “Nas regiões endêmicas onde o programa existe, todas as maternidades devem preencher o cadastro disponível nas coordenações estaduais de Alimentação e Nutrição das secretarias estaduais de Saúde para integrar-se à proposta de prevenção”, ressalta Ana Maria.
Importância
Encontrada no leite materno, leite integral, fígado, gema de ovo, frutas oleaginosas, hortaliças verde-escuras e legumes alaranjados, como abóbora e cenoura, a vitamina A é essencial para a saúde. É importante para o bom funcionamento dos olhos, ajuda a reduzir a gravidade de infecções comuns em crianças e auxilia no desenvolvimento e crescimento delas. “A vitamina A protege a córnea. Sua falta pode gerar graves conseqüências no processo visual, inclusive a cegueira total e irreversível em crianças, sua manifestação mais grave”, observa Ana Maria Cavalcante, técnica do Programa Nacional de Suplementação de Vitamina A do Ministério da Saúde.
Os fatores que podem evidenciar a deficiência de vitamina A no organismo e portanto merecem investigação são: diarréia e infecções respiratórias freqüentes e dificuldade de enxergar em lugares com luz fraca, a chamada cegueira noturna. Ana Maria orienta as mães a estarem atentas à diversificação da alimentação dos filhos, às chamadas das unidades de saúde para receber a megadose de vitamina A nas áreas endêmicas e à promoção do aleitamento materno. “Com amamentação adequada e uma alimentação saudável, a criança consegue manter o nível ideal de concentração de vitamina A”, reforça a técnica.