São Paulo (Agência USP) – O protótipo de um robô submarino está sendo testado na Escola Politécnica da USP. Sua missão é recuperar transponders – sinalizadores acústicos, que estão no fundo do oceano e servem para ajudar no posicionamento dinâmico de navios, atuando como pontos de referência para as embarcações se moverem.
O projeto, iniciado em 2000, foi retomado em setembro do ano passado. O robô foi desenvolvido para ser usado em profundidades de até 2 mil metros. Entretanto, de acordo com o coordenador do projeto, professor Júlio César Adamowski, do Departamento de Engenharia Mecatrônica e Sistemas Mecânicos da Poli, é possível adaptá-lo para ser usado em outras profundidades. ?É só regular os vasos de pressão?, diz.
Adamowski avalia que até o momento foram realizados apenas ?testes preliminares? com o equipamento. Mesmo assim, ele garante que os resultados foram satisfatórios. Durante as provas foram checadas a quantidade e qualidade de informações que o veículo consegue captar e, a partir desses dados, foi adaptado seu controlador e como reagirá em águas mais profundas. Os testes aconteceram na piscina do Centro de Práticas Esportivas da Universidade (Cepeusp) e num tanque da Engenharia Naval da Poli.
Juan Pablo Julca Ávila, doutorando que pesquisa a modelagem matemática e hidrodinámica de um veículo submarino semi-autônomo e que também está trabalhando no projeto, diz que o equipamento trabalhará com a energia fornecida por baterias ou, se for telecomandado, com energia fornecida por um ?cordão umbilical? – no caso um cabo de fibra ótica.
Ávila garante que se perde muito dinheiro com os transponders, pois eles sempre têm falhas eletrônicas e mecânicas e não funcionam mais, logo são facilmente substituídos. Com o uso do robô, haverá um maior acompanhamento mecânico dos sinalizadores. O veículo ajuda a localizá-los e a levá-los à superfície para a sua respectiva manutenção.
A tarefa de recuperar transponders atualmente é realizada por ROV (Veículos Operados por Controle Remoto), que também são veículos submarinos, mas comandados por controle remoto. De acordo com o professor, é mais complicado operar o ROV porque, se houver uma correnteza submarina, o equipamento fica desviando e logo se tem muita imprecisão em relação à direção onde estão os sensores, tornando difícil seu controle e sua recuperação.
A proposta de Adamowski em fazer o veículo diferente do ROV (semi-autônomo) foi com o objetivo de diminuir custos e tempo de operação. O professor garante que o equipamento custa muito caro mas que vale a pena. ?Formamos mestres doutores e vários professores aprendem a trabalhar com o projeto?, afirma, acrescentando que ?está envolvido um alto valor tecnológico que não se vê, e são essas coisas que valem a pena testar e desenvolver?.
?É um projeto bastante complexo. O Brasil tem mar à vontade e, se olharmos em outras partes do mundo, várias universidades têm esse tipo de linha de pesquisa. Nós a começamos e daqui a uns 10 ou 15 anos vamos estar já bastante avançados?, garante o professor.