São Paulo (Agência Fapsp) – O inajá (Maximiliana maripa), uma palmeira abundante na região amazônica, é considerada uma praga por muitos habitantes locais. Traz prejuízos à pecuária, pois suas sementes são dispersas facilmente por diversos animais, e a planta, que atinge até 20 metros, resiste ao fogo, brotando novamente onde são feitas queimadas para preparação de pastagens.
As mesmas características que tornam o inajá um problema para os pecuaristas poderão transformá-la numa solução para comunidades agrícolas isoladas, gerando energia e renda. O Instituto Militar de Engenharia (IME) e a unidade de Roraima da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) acabam de estabelecer uma parceria para a implantação de uma usina de biocombustível operada com óleo de inajá. O projeto é financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT).
O agrônomo Oscar José Smiderle, um dos pesquisadores da Embrapa envolvidos no projeto, declarou que a usina deverá ser instalada até março e a produção do óleo deverá começar no meio do ano. ?O projeto é do IME. A Embrapa fará a pesquisa necessária para termos o domínio agronômico da planta. Depois disso, saberemos qual a quantidade de produção possível. A usina será um piloto para aprimorar os estudos?, disse.
De acordo com Smiderle, o protótipo será construído no Campo Experimental Serra da Prata, da Embrapa Roraima, em Mucajaí (RR), a 100 quilômetros de Boa Vista. Ele será composto por dois módulos: um para a extração de óleo e outro para o refino.
O objetivo é desenvolver um protótipo que possa ser replicado nas comunidades isoladas da fronteira agrícola. ?Há comunidades que ficam a até 500 quilômetros e seria caro levar a energia por meio de fios. A idéia seria instalar geradores nas próprias comunidades?, afirmou.