Universidade Estadual de Londrina lança biblioteca digital

A Universidade Estadual de Londrina (UEL) acaba de lançar a Biblioteca Digital de Teses e Dissertações (http://www.bibliotecadigital.uel.br), que deve abrigar toda a publicação científica da instituição. Até agora foram incluídas 52 publicações, mas a intenção é digitalizar todo o acervo de 34 anos de existência da UEL e o integrar ao sistema do Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), que pretende tornar acessível via Web toda a produção científica nacional.

Segundo a coordenadora do projeto de modernização das bibliotecas das Instituições de Ensino Superior (IES) da Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Wanda Rocha Paranhos, é de interesse do Estado estimular todas as IES do Paraná – cinco universidades e doze faculdades – a desenvolverem seus acervos digitais de teses e dissertações. ?É uma forma de dar transparência aos resultados das atividades e deixá-los disponíveis para o público?, diz.

Para as instituições de ensino superior, tornar a produção científica disponível pode trazer benefícios até então inexistentes. De acordo com Wanda, as bibliotecas digitais trazem visibilidade às instituições, fazendo com que seja possível o desenvolvimento de parcerias com setores empresariais e técnico-científicos da sociedade. ?As universidades devem manter uma interlocução com a sociedade civil. É uma forma de abrir o conhecimento produzido?, explica.

A biblioteca digital da UEL, assim como as que estão sendo desenvolvidas por outras universidades, estão utilizando software livre. ?Há mais de um programa sendo usado pelas instituições. Contudo, embora estejam utilizando softwares diferentes, não há problemas de troca de informações com o sistema do IBICT, pois os padrões de metadados utilizados são os mesmos?.

O projeto da Biblioteca Digital Brasileira desenvolvido pelo IBICT envolve todas as universidades que possuem programas de pós-graduação. Segundo o coordenador de projetos especiais do instituto, Hélio Couramoto, há dois grandes atores participantes: as universidades, que são os grandes provedores de informações, com suas revistas científicas, artigos, dissertações e teses; e o IBICT, que integra todos os metadados, catalogando as publicações das instituições num grande banco de dados. Até agora 18 universidades brasileiras têm bibliotecas digitais implantadas e outras 17 estão em fase de testes.

Para Couramoto, o projeto vai ser um inventário da memória técnico-científica do País. ?A Biblioteca Digital de Teses e Dissertações traz a possibilidade de evitar duplicidade e plágio, verificar o que já foi pesquisado e o que já foi publicado com muito mais facilidade. É um processo que garante a autoria de um trabalho, aperfeiçoa o ensino e a pesquisa do País?, diz.

Operando

A biblioteca da Universidade Federal do Paraná (UFPR) possui em seu acervo digital produções desde setembro de 2004, o que inclui além de teses e dissertações, as 32 revistas eletrônicas da instituição. Segundo o diretor-geral do Centro de Computação Científica e Software Livre da UFPR, Marcos Sunye, a universidade participa de uma iniciativa que envolve mais de 500 instituições de ensino do mundo, que disponibilizam conteúdo digital na internet, integrados num sistema chamado Oaister Browse Institution (www.oaister.org), que registra os metadados – espécie de fichários catalográficos. Ao se realizar uma busca nesse sistema, os metadados catalogados encontram o artigo ou tese requerido no banco de dados da universidade solicitada.

Como somente há um ano a UFPR vem incorporando documentos em sua biblioteca digital (http://www.portal.ufpr.br/index.php), o acervo ainda não é muito grande, contendo cerca de 400 dissertações e teses. Segundo Sunye, o material de anos anteriores é mais complicado de se disponibilizar, porque é preciso fazer a digitalização, um processo demorado e caro.

Banco de dados centralizado reduz custo

Em tempos que os custos para a montagem de bibliotecas especializadas tornam essa opção inviável, principalmente para pequenas universidades, um banco de dados on line centralizado e disponível a pesquisadores de instituições de ensino superior pode ser uma alternativa eficaz. É com essa filosofia que a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Ensino Superior (Capes) vem disponibilizando o acesso a mais de 9,4 mil títulos diferentes de periódicos científicos especializados, a 90 bases de dados e a bases de patentes. ?Podemos afirmar com toda a certeza que é muitas vezes mais barato que comprar biblioteca para cada universidade?, diz o diretor de programas da Capes, José Fernandes de Lima.

As bases de dados servem para pesquisas rápidas, pois encontram-se nelas somente resumos de artigos e informações gerais. ?É útil para uma primeira pesquisa, para observar o que é de interesse e o que não é?. As bases de patentes, por sua vez, são muito importantes no setor de tecnologia, porque permitem conhecer o que já foi patenteado.

Segundo ele, o programa custa US$ 29 milhões anuais em assinaturas, que são disponibilizadas para instituições de pesquisa, universidades federais, universidades estaduais possuidores de pelo menos um curso de pós-graduação e instituições privadas com pelo menos um curso de pós-gradução com nível cinco, o que significa excelência na área. Ao todo, o www.periodicos.capes.gov.br recebe mais de 80 mil acessos diários, de 162 instituições.

?O fato de se oferecer o mesmo conteúdo para várias instituições, democratiza a informação, que é a mesma para universidades do Acre como para as instituições dos grandes centros?, afirma. O programa existe há cinco anos. Para Lima, um dos resultados percebidos é que as pesquisas realizadas atualmente no Brasil são muito mais atualizadas do que antes, por estarem fazendo referências a documentos mais novos. ?E como conseqüência, a produção científica brasileira aumentou?.

Segundo Lima, o programa de provimento de acesso a periódicos científicos da Capes é um dos maiores do mundo em número de acessos e em quantidade de conteúdo. ?Estamos atentos para ampliar ainda mais?, diz. (RD)

Digitalização aumenta o acesso às pesquisas

A digitalização de acervos torna possível pesquisas que antes eram impossíveis para a maioria das pessoas. A avaliação é do diretor das Bibliotecas Virtuais DocPro, José Lavaquial. Ele observa que, sem esse recurso, estudiosos precisam se deslocar até os locais em que se encontram os arquivos, para daí poderem realizar suas pesquisas. ?As bibliotecas digitais contribuem na disseminação da informação, melhorando o nível de educação e cultura?.

Segundo ele, há atualmente uma diferença entre biblioteca virtual – aquela que só existe na web – e biblioteca digital – que possui acervo físico -, mas também é disponibilizada na internet. A digitalização de acervos, afirma Lavaquial, é um processo irreversível. ?Para empresas, as bibliotecas digitais ajudam a recuperar a própria informação, de uma maneira diferente dos programas de busca, em que se encontra a informação de outros?, afirma.

Para Lavaquial, a biblioteca virtual é uma forma de fornecer dados num baixo custo. Mesmo assim, o processo de digitalização de acervos é trabalhoso. Lavaquial diz que na DocPro são utilizados softwares de inteligência artificial para diminuir as dificuldades do processo. A DocPro desenvolveu também um recurso que permite fazer buscas em palavras que constem em arquivos de imagem. Ele diz que, atualmente, a DocPro vem pesquisando um sistema que permita fazer busca em acervos em áudio e vídeo, de modo que se possa encontrar o material desejado através de reconhecimento de voz.

A empresa de Lavaquial já digitalizou acervo de várias instituições brasileiras, como o do Arquivo Público do Rio de Janeiro, da Biblioteca Nacional e o da Petrobras. Para conhecer os acervos, consultar o site http://www.docpro.com.br e procurar por bibliotecas virtuais. (RD)

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