O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assina, amanhã, o decreto que fixa as bases legais para a implementação da TV digital no Brasil. A informação foi divulgada na última segunda-feira, pelo porta-voz da Presidência da República, André Singer. Na última sexta-feira, o ministro das Comunicações, Hélio Costa, disse que foi fechado um acordo técnico com o Japão sobre o padrão a ser adotado no País. De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, ele prevê a inclusão das pesquisas feitas por cientistas brasileiros para o padrão japonês.
Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, o ministro das Comunicações do Japão, Heizo Takenaka, visitará o Brasil nesta mesma data para assinar o acordo de uso do padrão japonês de TV digital no Brasil. ?É uma negociação importante, porque estabelece não só a adoção de um padrão como uma parceria tecnológica e até a perspectiva de uma parceria industrial. As coisas estão caminhando nesse sentido?, disse Amorim.
O chanceler brasileiro ressaltou que não cabe a ele fazer o anúncio da nova tecnologia, mas que houve a negociação das melhores condições possíveis, dentro de um padrão que, segundo ele, já havia sido julgado o mais adequado. ?Eu brincava, no Japão, ao afirmar que temos três noivas: uma é um pouquinho mais bonita que a outra, vamos olhar agora os dotes. Aparentemente, o dote veio?, acrescentou.
O Brasil será o único País do mundo, além do Japão, que irá adotar o padrão japonês conhecido como ISDB-T (Integrated Services Digital Broadcasting Terrestrial). Este padrão foi o último a ser desenvolvido e entrou em operação em dezembro de 2003 no Japão. Ele foi desenvolvido para transmitir alta definição para televisores equipados com antena externa ou interna e, ao mesmo tempo, é capaz de transmitir imagens standart para dispositivos móveis ou portáteis.
É flexível, permitindo diversas aplicações, desde interatividade com o usuário. Além disso, o padrão oferece convergência total com telefones celulares 3G. A desvantagem é que há um distanciamento entre culturas e idioma que dificultam comunicação com empresas e órgãos governamentais japoneses. A diferença entre os sistemas de transmissão está na maneira como as imagens são codificadas para a transmissão, o formato de vídeos antes da codificação, o formato de vídeo após a codificação e a maneira com que o áudio é codificado. O sistema ATSC usa um esquema chamado COFDM, que é menos sensível a interferências.
Com a introdução da tecnologia digital na radiodifusão de TV Digital, o usuário poderá optar por continuar a receber a TV aberta da forma atual utilizando a sua TV analógica; adquirir um conversor (set top box) que permitirá receber o sinal digital e convertê-lo para um formato de vídeo e áudio disponível em seu receptor de TV; ou adquirir uma TV nova que já incorpore o conversor.
A migração da TV analógica para a digital vem ocorrendo em vários países do mundo. No Reino Unido, por exemplo, o processo iniciou-se em 1998 e 65,9% das residências já tinham acesso à TV Digital em setembro de 2005. Nos Estados Unidos o início foi em 2002 e no Japão em 2003. O sucesso da implantação da TV Digital depende em grande parte da disponibilidade de conversores (set top box) com preços baixos, acessíveis à população, o que só é possível com grandes escalas de produção. Esta é uma das justificativas para se adotar um padrão único de TV Digital para o Brasil.
Panorama
O Brasil tem 54 milhões de TVs, o que corresponde a 54% dos lares com televisão. Destes, 79% só recebem sinais via radiodifusão terrestre. No mundo, há 530 milhões de lares com recepção de TV e 81,6 milhões de lares com recepção de TV Digital.