A temperatura no planeta Terra é a mais alta dos últimos 400 anos, e provavelmente mais. A Academia de Ciências dos EUA chegou a essa conclusão numa ampla revisão de trabalhos científicos sobre o tema, requisitada pelo congresso americano. O relatório da academia afirma que "o calor recente não tem precedentes, pelo menos, nos últimos 400 anos, e potencialmente por vários milênios".
Um comitê de importantes cientistas especializados na questão climática disse aos parlamentares americanos que a Terra está com febre, e que "atividades humanas são responsáveis por muito do aquecimento recente". O relatório de 155 páginas afirma que as temperaturas médias da superfície do planeta, no hemisfério Norte, subiram mais de 1 grau no século 20.
O relatório havia sido encomendado em novembro pelo presidente da Comissão de Ciência da Câmara de Representantes, como uma forma de esclarecer a polêmica sobre se o aquecimento global representa uma ameaça importante. No ano passado, o presidente da Comissão de Energia e Comércio da Câmara iniciara uma investigação sobre três cientistas especializados em clima. A Comissão de Ciência advertiu que os deputados deveriam aprender com os cientistas, não intimidá-los.
O presidente dos EUA, George W. Bush, insiste que o aquecimento global não é grave o bastante para exigir a implementação de novas medidas de controle da poluição que, segundo o governo, custariam milhões de empregos.
Os cientistas Michael Mann, Raymond Bradley e Malcolm Hughes haviam concluído que o hemisfério Norte nunca foi tão quente em 2.000 anos. O trabalho dos três ficou conhecido como "Teoria do Taco de Hóquei", porque o gráfico resultante lembra a curva abrupta entre o cabo e a lâmina do taco.
A Academia de Ciências concluiu que a conclusão do estudo de Mann, Bradley e Hughes é "provavelmente" verdadeira.
No geral, o comitê concorda que o aquecimento das últimas décadas do século passado não teve precedentes nos mil anos anteriores, embora condições de temperatura relativamente elevada tenham existido por volta do ano 1.000, seguidas pela "Pequena Era Glacial" entre 1500 e 1850.
Os cientistas afirmam que têm menos confiança nas evidências sobre as temperaturas anteriores ao ano 1600. Mas afirmam que é possível aceitar a existência de uma elevação abrupta das concentrações de gás carbônico e metano da atmosfera a partir do início do século 20, depois de uma concentração que se manteve constante por 12.000 anos. Esses são os gases causadores do efeito estufa.