Tecnologia também para os pequenos

Na realidade socioeconômica brasileira, sempre foi difícil para empresas pequenas e médias se informatizarem, quanto mais acompanhar a tecnologia de ponta das grandes corporações. Mas ao mesmo tempo, a competitividade e a necessidade de resultados estão fazendo com que as fabriquetas de fundo de quintal ou os comerciantes de esquina busquem na tecnologia a solução para a recuperação econômica. ?Uma das vantagens atuais para esse tipo de mercado é a convergência de mídia, que está barateando e democratizando o acesso a coisas como videoconferência e redes sem fio?, explica Fernando Grecco, diretor de marketing da Mude, empresa especializada em vender produtos dos grandes fabricantes de tecnologia para as integradoras, que fazem o serviço com o varejo.

É o caso de Pedro Fernando D?Almeida, dono de uma empresa de turismo em Curitiba. Há poucos meses, Pedro migrou para um sistema de telefonia de Voz sobre IP, ou seja, aproveitou que instalava uma nova rede de internet veloz na empresa e resolveu investir um pouco mais para ter economia no futuro. ?Em pouco tempo recupero esse dinheiro. Tenho sete funcionários que ficam praticamente o dia todo no telefone, muitas vezes realizando ligações internacionais. Com a tecnologia de poder utilizar a banda larga para falar ao telefone, calculo uma economia de 70% na conta de telefone, que não é nada barata?, conta. Para Grecco, essa é uma das melhores apostas que empresas pequenas e médias podem fazer.

Além da economia em telefonia, outra preocupação de D?Almeida foi disponibilizar serviços on-line para os clientes. ?Agora, através de nosso site é possível para a pessoa consultar os horários para suas viagens e reservas em hotéis, sem ter que ir atrás dos sites das outras companhias?, conta. De acordo com Grecco, esses fatores são exatamente o que pequenas e médias empresas procuram na hora de evoluir em termos tecnológicos. ?A primeira preocupação é com a comunicação (Voz sobre IP, banda larga), seguida com a segurança de dados (firewall e antivírus) e armazenagem de informação?, enumera.

Para o diretor, quem não se programar para ser mais eficiente, mais enxuto e mais ágil, tem pouca chance de sobreviver no mercado, em qualquer setor produtivo. ?Hoje, quando estou num aeroporto, posso abrir meu laptop, conectá-lo a uma rede wi-fi e usar um programa para falar ao telefone como se estivesse no ramal de meu escritório?, diz. Para Grecco, a preocupação com o TI deve ser política das empresas atuais. E o mercado, segundo o diretor, já aponta essa tendência. ?O investimento das grandes empresas em TI beira os 10% anuais, enquanto os das pequenas e médias chegam a 20% com viés de aumento?, explica.

Preços devem ficar bem mais acessíveis

E devido ao tamanho do mercado brasileiro, o preço da tecnologia deve ficar mais acessível para quem antes mal tinha orçamento para implantar uma pequena rede de computadores. ?Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem no Brasil cerca de 2 milhões de empresas que têm de 1 a 20 funcionários e 120 mil com 20 a 100. É um tremendo mercado, com um enorme potencial?, diz Fernando Grecco. Os PCs que custam abaixo de R$ 2 mil foram as vedetes de vendas em 2005, representando nada menos do que 83% do total dos computadores vendidos no País. ?Dólar desvalorizado, incentivos fiscais do governo, disputa entre sistemas operacionais e preços menores. O panorama para investimento na tecnologia está bom para quem antes tinha medo de gastar dinheiro com isso?, aposta Grecco.

Mesmo assim, o diretor acredita que podia estar melhor. ?Existe um grande filão de consumidores de tecnologia no Brasil que não investe nada nessa área, o governo?, diz. Ele revela que um levantamento de um dos consultores da Mude mostrou que de 70 a 80 mil escolas públicas no Brasil não têm nem mesmo linha telefônica. ?Apesar da propaganda, o setor governamental investe pouco na inclusão digital. Acredito que o governo federal deveria puxar a tendência. Os estados e municípios viriam atrás com certeza e todos iriam se beneficiar?, diz. A Prefeitura de Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, é um dos clientes de integradores atendidos pela empresa de Grecco. Em 2005, informatizou o sistema que interliga o setor de identificação do município ao Instituto de Identificação do Estado. Com isso, o processo de tirar um documento de identidade, que podia levar até cinco meses para ficar pronto, devido à grande demanda, agora não leva mais do que dez dias.

Videotelefonia

Segundo Grecco, soluções que antes pareciam idéias extraídas da ficção científica hoje são grande vedetes de venda. ?A videoconferência, que só ficou conhecida no País há cerca de dois anos, foi um mercado de quase U$ 10 milhões em 2005, com um crescimento de dez vezes se comparado a 2004?, conta. Segundo o diretor, um dos grandes beneficiados é o mercado dos agronegócios, que normalmente demanda viagens longas e visitas de especialistas em todo o Brasil. Na propriedade de Alexandre Marinho de Macedo, em Astorga, a 120 quilômetros de Londrina, que produz milho e soja, foi colocado um sistema de videoconferência. ?Bancamos para nossos técnicos e agrônomos aparelhos semelhantes e até mesmo emprestamos para a Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) e Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) locais. Assim economizamos em viagens, pois podemos fazer reuniões com pessoas distantes, e ganhamos tempo valioso?. Macedo explica ainda que os agrônomos podem até mesmo fazer avaliação da qualidade das sementes que serão utilizadas através do sistema de videoconferência. (DD)

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