Sem catastrofismos e tampouco cair na fogueira da ótica inquisitorial, mas não fugindo do confronto político ideológico é a análise que pretendemos – nesse curto espaço – desse preocupante, e emocionante assunto: os OGMs – mais conhecidos como Alimentos Transgênicos. A mídia nacional, com raras exceções, tem tratado esse assunto com algum descaso, sem aprofundamentos e, o que é pior, com tendenciosidade.
Tentam levar as discussões para o campo dos maniqueísmos como estratagema para criar confusões na cabeça das pessoas, principalmente do leitor menos desavisado e desconhecedor do assunto. Trabalham com o imaginário de cooptação procurando esconder-se no que chamam de neutralidade, mas – como já mostraram as ciências da Linguagem sua posição de subalternidade e concordância com uma tecnologia que eles mesmo desconhecem acaba sendo descoberta pelas entrelinhas, por suas escolhas lexicais e semânticas.
O caso dos produtores de soja gaúchos orientados por “debaixo do pano” por interesses confessos, instigados por lideranças truculentas que estão fazendo o terrorismo em torno da questão, sofismando no vitimismo de que praticam a “desobediência civil”, beira ao total desrespeito a ordem institucional.
No código civil estão preceituadas as punições para quem desobedecer a lei e contrabandear produtos proibidos. Esses produtores, bem como suas lideranças políticas inclusive o governo gaúcho, são transgressores, pois estão praticando crimes contra o meio ambiente, e como tal devem ser impedidos.
O governo Lula ao assinar a MP liberando, mesmo que provisoriamente, a soja transgênica está abrindo um perigoso precedente ao permitir que os produtores gaúchos continuem a plantar esse produto que graves conseqüências sociais, ambientais e econômicas causará ao agricultor, ao povo e a economia do Estado do Rio Grande do Sul.
A soja transgênica em curto e médio prazos não é superior em produtividade e tampouco com custos de produção menores que o da soja convencional. Agricultores dos Estados Unidos já estão denunciando o aumento do uso dos herbicidas. Para comprovar essa assertiva é só fazer um levantamento do uso de herbicidas dos anos anteriores ao plantio da soja trasngênica comparando-os com os atuais, e veremos o quão mentirosas são as afirmações da propalada economia com herbicidas.
Sem falar nos outros riscos que a Soja RR possa causar e já está causando a exemplo da destruição de minhocas e inibição da fixação simbiótica do nitrogênio, bem como problemas causados pela insulina transgenica aos diabéticos, os produtores gaúchos estão entrando numa “fria”. Para ser mais claro e num linguajar dos pampas a soja RR é um baita Cavalo de Tróia.
Perdemos a capacidade de prever e prevenir como alerta Albert Schweitzer, mas não perdemos ainda a capacidade de nos corrigir. Somente um mundo que privilegia o ser humano, a natureza e o planeta como algo uno pode salvar o planeta.
Valdir Izidoro Silveira (vis@netpar.com.br) é jornalista, engenheiro agrônomo, assistente técnico da Secretaria de Saúde do Paraná, especialista em Biologia do Solo-Curso de pós graduação da UFPR e mestre em Tecnologia de Alimentos pela UFPR.