Muitos brasileiros já ouviram falar de hepatite, mas não sabem se foram ou não infectados pelos vírus causadores da doença. A contaminação e os sintomas passam despercebidos por grande parte da população. A falta de tratamento de alguns tipos de hepatite pode levar a um câncer de fígado ou cirrose hepática. Mas a doença tem cura, desde que a pessoa infectada procure o atendimento correto. Os principais tipos de hepatite são A, B e C.

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Segundo a professora adjunto da Universidade Federal do Paraná e chefe do Serviço de Hepatologia do Hospital de Clínicas, Dominique Araújo Muzzillo, a hepatite A tem uma transmissão fecal-oral, por meio da contaminação da água e alimentos. As B e C são transmitidas por produtos do sangue, como bolsas de doação; na relação sexual; no uso de drogas; durante a gravidez ou no parto.

Se não for detectada e a pessoa não passar por tratamento, a hepatite pode se tornar crônica, resultando em cirrose hepática ou câncer no fígado. Todos os tipos podem não apresentar sintomas, o que dificulta a percepção do doente. Geralmente, a hepatite C não se manifesta. ?Nas A e B, parece uma gripe no começo. Depois, vêm mal-estar, fadiga, diarréia, vômitos, náuseas, dor abdominal (região das costelas, no lado direito)?, afirma Dominique. Com o passar dos dias, aparece uma urina mais escura (próxima à cor do chá preto); coloração amarelada nos olhos e na pele; e fezes com cor creme escuro. ?Se os sintomas não estiverem acompanhados pela coloração das fezes, da pele e do olho, normalmente as pessoas não percebem. A maior parte da população já teve, mas não sabe disso. Se recuperaram e hoje apresentam o anticorpo. Mas pode ser que não haja recuperação e permaneçam com os vírus B ou C?, explica Dominique.

De acordo com a chefe da divisão de laboratório do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Paraná (Hemepar), Maria do Pilar Bertol, são freqüentes os casos em que pessoas descobrem que têm hepatite quando vão doar sangue. A constatação acontece após a coleta do sangue, que é analisado pelo laboratório da entidade. O doador é comunicado a comparecer no Hemepar, onde refaz os exames. Se for confirmado, o Hemepar encaminha o caso para hospitais e descarta o sangue.

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Dominique destaca que a hepatite C é a mais preocupante. ?As chances de contaminação na hepatite C são menores, mas as de aparecimento de doenças crônicas são maiores. Na hepatite B, ocorre o inverso?, esclarece. Para a prevenção, ela orienta limpar muito bem os alimentos, evitar a ingestão de mariscos crus (estes para evitar a hepatite A); levar alicates próprios para serviços de manicure e pedicure em salões de beleza; não compartilhar escovas de dente, alicates e lâminas de barbear; e mudar comportamentos promíscuos sexuais e de uso de drogas.

Dominique ressalta que, se alguém da família tiver hepatite B ou C, todos da casa devem fazer o exame de verificação da doença. Quem não foi contaminado deve tomar vacina contra o vírus B. Todas as pessoas até 20 anos devem tomar esta vacina, disponível nos postos de saúde. A vacina contra o tipo A é encontrada em clínicas de vacinação particulares ou na saúde pública, para doentes crônicos do fígado. Não existe este tipo de prevenção para a hepatite C.

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