A serotonina (5-HT, 5-hidroxitriptamina), derivada do aminoácido triptofano, é reconhecida como um potente vasoconstritor que circula no plasma humano. É produzida na glândula pineal. Um máximo de uma dezena de miligramas está disponível no corpo e disto a maior parte nos intestinos, restando para o cérebro menos do que 5%.
O triptofano é um dos aminoácidos ditos essenciais, isto é, presente em várias dietas, mas impossível de ser biossintetizado pelo homem e animais superiores. Os alimentos ricos em triptofano são camarões e peixes em geral, queijos, cogumelos, leite, fígado, bife, peito de frango, vagens, mostarda, pasta de amendoim e chocolate (olho na balança!). Para a mais eficiente bioconversão do triptofano em serotonina são necessários alguns co-fatores tais como vitaminas B6 (piridoxina) e C (ácido ascórbico), ácido fólico e íons magnésio (Mg2+).
Dentre outras funções fisiológicas, esta "droga-maravilha" controla o apetite, o sonho, a memória e o aprendizado, o (bom) humor, a temperatura corporal, a função cardiovascular, a contração muscular e o estado de depressão.
A 5-HT também se faz presente no veneno das abelhas e do escorpião, razão pela qual a picada destes animais causa dor, engasgo, tosse, náusea e cãibras.
A transmissão de impulsos nervosos entre as células nervosas são mediados pela serotonina que é acumulada e liberada a partir de vesículas. Acredita-se que níveis baixos de 5-HT estão correlacionados com depressão moderada e severa, cujos sintomas são a ansiedade, apatia, medo, insônia e fadiga. A medida laboratorial de serotonina comprova esta correlação.
Uma maneira de se elevar os níveis de 5-HT é um exercício vigoroso. Outra é a dieta rica em ácidos graxos da série omega-3 (ácido alfa-linoleico, presente nas sementes e no óleo de linhaça), carboidratos complexos (polissacarídios) e vitamina C (que favorece a conversão de triptofano em serotonina).O mecanismo de ação da droga LSD (dietilamida do ácido lisérgico) foi elucidado em função da similaridade macroestrutural das duas biomoléculas. Ambas, 5-HT e LSD, contêm um anel conjugado indólico além dos orbitais de densidade eletrônica bastante semelhantes. O LSD ocupa então os receptores destinados à 5-HT e o faz com mais eficiência. É disto que resultam as alucinações e delírios causados pelo LSD, embora a droga não provoque adicção.
José Domingos Fontana (jfontana@ufpr.br) é professor emérito da UFPR, orientador nas Ciências Farmacêuticas, pesquisador 1A do CNPq e 11.º Prêmio Paranaense em C&T (1996).