Rio de Janeiro – A consolidação da marca e a proteção das criações dos estilistas brasileiros são providências que podem reforçar o combate à pirataria no setor industrial ligado à moda.
Esse é o tema principal do seminário internacional A Propriedade Intelectual e a Indústria da Moda, que ocorre de hoje (9) até esta quarta-feira (10), no Rio. O evento é promovido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Ompi).
Segundo o presidente do Inpi, Jorge Ávila, proteger significa reter valores. ?Quando se protege uma marca ou um desenho, está se retendo o valor de um investimento que a empresa faz ao longo do tempo na criação e na divulgação de uma imagem para os consumidores. Então, é uma retenção do valor que pode ser usada estrategicamente para celebrar parcerias, conquistar mercados e ganhar posições?.
Ele diz que, pelo fato de a moda ser um segmento exportador, é importante que as empresas nacionais adquiram a cultura de proteger suas marcas, não apenas no Brasil, mas em outros países.
Para a estilista Márcia Ganem, além da marca, existem outros ativos intangíveis à produção – como pesquisa, inovação e design -, que também precisam ser protegidos para ampliar a competitividade do produto nacional.
O presidente do Inpi disse que as indústrias muito intensivas em criatividade e inteligência destinam seus principais investimentos para os ativos intangíveis. ?E aí é fundamental que essas empresas desenvolvam uma cultura adequada de proteção desses intangíveis, para que eles possam de fato se constituir em um valor perene, que possa ser preservado e ampliado pelas empresas com o tempo?, manifestou Ávila.
A indústria da moda é o primeiro setor da economia estudado pelo Inpi para proteção de marcas. A Agência de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex Brasil) também está fazendo, nas empresas, um trabalho de conscientização para a importância das marcas, com prioridade a pequenas e médias empresas.
De acordo com a gerente de Projetos e Inteligência Comercial da Apex, Ana Vitória Alkmim, o projeto estende-se a todas as empresas apoiadas pela Apex, e não apenas às do segmento da moda.
No ano passado, o setor têxtil e de confecção produziu cinco bilhões de peças de vestuário, faturando cerca de US$ 33 bilhões, segundo a Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção.
No acumulado de janeiro a agosto, as exportações somaram US$ 1,4 bilhão (430 mil toneladas), com aumento de 5,7% em valor e de 2,2% em volume em relação ao mesmo período do ano passado.
No mesmo período de 2007, o setor importou US$ 1,9 bilhão (cerca de 625 mil toneladas), o que representou um aumento de 38% em valor e de 23% em volume na comparação ao mesmo período de 2006.
Com isso, a balança comercial do setor apresenta deficit de US$ 502 milhões nos oito primeiros meses do ano.