Segunda versão de Black & White oferece “liberdade controlada”

Você já foi soldado, terrorista, piloto de carros e de caças, jogador de futebol e até malandro profissional. Agora, que tal brincar um pouco de deus – ou de diabo – para variar? Essa é a proposta de "Black & White 2", continuação do game para PCs que fez história em 2001 ao colocar o jogador no papel de um ser divino cujas decisões, boas ou más, influenciavam diretamente no destino de populações inteiras.

Idealizado por Peter Molyneux – um dos poucos nomes da indústria de games cuja assinatura é capaz de transformar um jogo em best-seller do dia para a noite -, Black & White ficou conhecido por explorar pioneiramente nos games técnicas de inteligência artificial.

Uma das manifestações mais claras dessa "inteligência" se dá através da criatura que o jogador é encarregado de educar desde o início da partida. É ela (nesta nova versão, um gorila, um leão, um lobo ou uma vaca) que será adorada ou temida por seu povo. Se tratá-la com carinho, a criatura atrairá admiradores. Se, por outro lado, usar violência, ela se tornará igualmente violenta e uma poderosa arma de guerra.

Na forma de jogar, Black & White 2 é bastante semelhante ao anterior e, em certa medida, aos populares Civilization e Age of Empire, os chamados jogos de estratégia em tempo real, em que é possível controlar a evolução de sociedades (suas construções, suas táticas de defesa, suas economias etc.) desde sua fundação, passando por seus dias de glória e, eventualmente, de declínio.

A primeira missão do jogador em Black & White 2 é encontrar um novo abrigo e dar o pontapé inicial na vida de uns poucos sobreviventes de uma vila grega dizimada pelos astecas (o.k., isso é um game, não um livro de História).

Dali em diante, caberá a cada um decidir que tipo de povo irá querer comandar. Por meio de um cursor que imita uma mão, é possível realizar intervenções divinas tanto para designar tarefas aos habitantes e acelerar construções de obras quanto para realizar tarefas de remoção de pedras e até "milagres". Descobrir e cumprir as missões não é difícil, já que o jogador conta com os mesmos dois ajudantes hilários, o capetinha e o anjo, que já apareciam no primeiro B&W.

Elogiado e criticado na mesma medida pelo grau de liberdade que dava aos jogadores para tomar suas decisões, Peter Molyneux parece ter dado um passo atrás. Por paradoxal que seja, Black & White 2 oferece uma liberdade controlada. Ao jogador não é dado fazer o que bem entende, mas essencialmente tomar decisões entre o Bem e o Mal (ainda que elas possam se alternar caso a caso).

Assim, o excesso de didatismo e aparições dos simpáticos conselheiros acabam tornando o game um bocado cansativo. E demorado: toda vez que se inicia um novo jogo há que se passar por um ritual que ensina, passo-a-passo, como se movimentar pelos cenários do jogo etc etc.

FABLE – Fenômeno semelhante acontece em Fable – The Lost Chapter, versão ampliada para PC do jogo lançado para o console Xbox no ano passado, também criado pela produtora de Molyneux, o Lionhead Studios.

Apoiado na mesma idéia de que cada uma de suas escolhas irá influenciar a formação de seu caráter ao longo do tempo, Fable coloca o jogador na pele de um garotinho que vê a sua família e toda a sua vila serem atacadas por bárbaros. Salvo por um estranho, ele é levado para um castelo vizinho, onde receberá treinamento e, à medida que amadurece, será obrigado a decidir entre se tornar um honrado guerreiro, apenas um vilão em busca de vingança ou um meio-termo entre eles.

Tais escolhas irão se imprimindo na fisionomia e no caráter do personagem. Muitas histórias poderão ser seguidas, mas todas são necessariamente predefinidas. Ao jogador caberá alternar entre elas, mas nunca escolher se quer desistir de ser um guerreiro para, por exemplo, virar um andarilho da floresta (e por que não?).

Fable, distribuído aqui pela Microsoft, roda em PCs com processadores de pelo menos 1,4 Ghz, Windows XP e 256 mega de RAM. Já Black & White, este trazido pela EA, exige configuração mais avançada: processamento de 1,6 GHz, 512 de RAM e Windows XP ou 2000.

Diante da complexidade dos games de hoje – e das máquinas capazes de rodá-los – fica a pergunta: a artificial vai bem, mas não poderiam exigir um pouco mais da nossa inteligência?

BOXE

LANÇAMENTOS

ULTIMATE SPIDER-MAN: com visual inspirado na História em Quadrinhos, permite incorporar o herói ou o vilão Venom. Para PC.

www.brasil.ea.com.br

X-MEN LEGENDS II: reúne até quatro mutantes (inclusive os da Irmanddade) para enfrentar Apocalipse. Para PC.

www.brasil.ea.com.br

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