Parece filme de terror, mas a cena de sanguessugas grudadas na pele está presente em diversos hospitais e centros de pesquisa espalhados pelo mundo. Os anelídeos de corpo achatado estão sendo usados, por exemplo, na remoção de sangue em áreas específicas de pacientes de cirurgias reconstrutivas.
A técnica é antiga. Há séculos que tais vermes, especialmente os da espécie de água doce Hirudo medicinalis, são empregados para promover sangrias ou em outras terapias. A novidade é que estudos recentes têm mostrado que a utilização é muito maior.
Segundo reportagem na edição atual da revista Nature, Andreas Michalsen e Gustav Dobos, da Universidade de Duisburg-Essen, na Alemanha, têm realizado testes clínicos para estudar os efeitos da sanguessuga na osteoartrite, uma condição degenerativa que causa inflamações e dores e afeta 20% das pessoas com mais de 65 anos. Em diversos experimentos preliminares, incluindo um com 24 voluntários, os pesquisadores colocaram até seis sanguessugas nas juntas dos pacientes, deixando-os ali por cerca de uma hora. Os vermes chegaram a ingerir sangue até dez vezes seu peso corporal.
Após apenas uma semana de tratamento, houve uma redução de 64% da dor indicada pelos voluntários. Os benefícios, segundo os cientistas, permaneceram por até três meses. Após os primeiros estudos, Michalsen e Dobos realizaram um muito maior, ainda não publicado, com 400 pacientes. O resultado foi melhor, com 80% anotando uma significativa redução na dor uma semana após o tratamento.