Foto: João de Noronha

O RFID pode ser usado por empresas para logística de estoques e identificação de produtos em supermercados.

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Geralmente destinados a uma gaveta ou armário empoeirado e esquecido, os trabalhos de conclusão de curso podem render boas idéias para pesquisa e desenvolvimento. E também, por que não?, bons negócios. Com o incentivo de terem à sua disposição uma pré-incubadora, os estudantes de Engenharia Elétrica, com ênfase em Eletrônica, Gabriel Panasco e Mariane Terplak decidiram levar seu projeto final do curso adiante e formaram a Sids Eletrônica. Surgida no final de 2005, a empresa está hoje hospedada no Hotel Tecnológico da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Mesmo recém-formada, a Sids participou da Feira de Inovação Tecnológica de Curitiba (Fitec).

O foco de atuação é a Identificação Eletrônica por Radiofreqüência (RFID, da sigla em inglês). Como o campo para uso desta tecnologia é vasto, Gabriel afirma que eles decidiram concentrar o desenvolvimento no uso automotivo, esportivo e para controle de acesso. ?Além dessas utilidades, o RFID ainda pode ser usado por grandes empresas para logística de estoques, identificação de produtos em supermercados e uma infinidade de outras aplicações. Resumindo: em tudo que exige identificar pessoas ou objetos?, disse ele. De acordo com os dois, o uso do RFID deve crescer muito no mundo nos próximos dez anos.

Foto: João de Noronha

Projeto foi trabalho de faculdade de Mariane e Gabriel.

No caso do uso esportivo, Mariane explica que a tecnologia já é usada atualmente, mas que a Sids pretende aprimorá-la. ?Hoje todos os competidores de uma maratona, por exemplo, usam RFID para a tomada dos tempos. Mas, todos partem zerados porque os sensores não conseguem captar todos os corredores que passam pela largada, porque são muitos. Nossa idéia é resolver esse problema e dar aos atletas uma medida exata do tempo em que completaram a prova?, afirmou.

Acesso

O uso de radiofreqüência no controle de acesso de pessoas é outra aplicação que já está em uso. ?O desafio é aumentar o alcance das antenas e fazer com que a pessoa não precise nem tirar o crachá do bolso ou pescoço para passar pela catraca. Nas aplicações usadas hoje, ainda é necessário aproximar o cartão do leitor para liberar a entrada?, disse Gabriel. Segundo ele, as principais vantagens do uso de RFID nesse tipo de serviço são segurança e baixo custo. ?Cada chip identificador sai de fábrica com seu número próprio, que não pode ser alterado. Em caso de perda ou roubo, basta cancelar aquele cartão.? Com relação ao custo, a vantagem em relação a outras tecnologias de acesso, como a biometria, por exemplo, está na dispensa de estrutura adicional, como servidores para armazenar informações. ?Quando se usam as impressões digitais para acesso é necessário um computador para armazenar os dados de cada usuário. No RFID isso é feito através do próprio cartão, que pode vir com memória adicional para dados?, disse ele.

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Sistema RFID pode ser aplicado em automóveis

No interesse governamental, uma das aplicações mais promissoras do RFID é a identificação de veículos. Atualmente, há um projeto na cidade de São Paulo que pretende dotar todos os carros da cidade com identificadores de radiofreqüência. Segundo Gabriel, a idéia é ambiciosa, mas ainda há um longo caminho para resolver os problemas operacionais. ?São muitos veículos e uma longa área para se cobrir. Além do mais, ainda há uma desregulamentação na banda de freqüência que será utilizada?, disse. De acordo com ele, hoje algumas aplicações usam freqüências muito baixas e outras muito altas, chegando a Ultra High Frequency (UHF). ?O ideal seria uma banda alta próxima a do celular GSM, em torno de 900 MHz. Dessa forma, poderíamos aumentar o alcance atual das antenas de RFID?, concluiu. O projeto da Prefeitura de São Paulo ainda está em fase de desenvolvimento. Através dele, a idéia é monitorar os veículos quanto ao pagamento do Imposto sobre Veículos Automotores (IPVA) e o respeito ao rodízio de automóveis, em vigor para reduzir a poluição e os congestionamentos na cidade.

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Tecnologia economiza tempo

Para o consumidor, um dos grandes benefícios do RFID pode vir na economia de tempo no supermercado. Com o uso da radiofreqüência, será possível passar pelo caixa sem tirar as compras do carrinho. Mas, de acordo com Mariane, ainda há problemas no uso da tecnologia nesse tipo de aplicação. A principal delas: o custo. ?Os chips de RFID ainda não estão baratos o suficiente para serem colocados em produtos de menor valor?, disse. Outro problema é semelhante ao enfrentado no uso pela parte esportiva. ?Quando há um grande número de objetos pode acontecer de o identificador deixar algum item passar sem fazer a cobrança. Isso pode gerar prejuízos aos mercados e ainda inibe o uso para esse fim?, explicou. Tanto ela quanto Gabriel concordam que somente a massificação no uso da tecnologia pode reduzir custos e resolver os problemas operacionais. ?Uma grande rede de supermercados obrigou seus fornecedores a dotar as caixas de produtos com identificadores de radiofreqüência. Apesar de alguns problemas iniciais, eles estão avançando e esse é o caminho para popularizar o RFID?, explicou Gabriel.