Rádio FM também terá mensagens na tela

A transmissão da programação de rádio em freqüência modulada (FM) no Brasil ganha, a partir de agora, novas aplicações e a possibilidade de prestar informações pelo visor (display) do aparelho. O Conselho Diretor da Agência Nacional de Telecomunicações – Anatel aprovou esta semana a regulamentação do ”Radio Data System”, conhecido pela sigla RDS, que permite transmitir, pela mesma portadora do sinal, em canal paralelo ao da programação normal, dados codificados que poderão ser recebidos, principalmente, pelos rádios receptores dos veículos automotores, nas ruas e estradas brasileiras.

O anúncio foi feito pelo presidente Luiz Guilherme Schymura na noite dessa quinta-feira, dia 25, durante a solenidade de abertura do 15º Congresso de Radiodifusão do Estado de São Paulo, realizada no Blue Tree Towers da capital paulista, no qual se comemorou o 81º aniversário da introdução do rádio no Brasil – o Dia Nacional do Rádio é 25 de setembro. “Um novo capítulo da história do rádio no Brasil começa a ser escrito com a aprovação do RDS”, ressaltou Schymura, ao destacar as inúmeras aplicações que o sistema vai propiciar ao “ouvinte” – que, agora, também vira “leitor”.

“Os rádios de nossos veículos poderão exibir (no visor) informações sobre trânsito e meteorologia ou sobre o autor e o cantor da música em execução. E mais: o RDS se constituirá em auxiliar valioso na prevenção de acidentes e de furtos de veículos automotores, pois permitirá o bloqueio dos sistemas eletrônicos por meio de envio de sinais codificados”, detalhou. No entender de Schymura, o RDS amplia a importância da radiodifusão como meio de comunicação.

“Entre outros motivos, porque a radiodifusão é, aqui, o serviço público com maior índice de utilização, graças às suas características de gratuidade e de livre recepção”, considerou. O Congresso foi aberto pelo presidente da Associação das Emissoras de Rádio e Televisão do Estado de São Paulo/Aesp, José Inácio Pizani, que, durante seu pronunciamento, destacou a “presença de Schymura, que engrandece a radiodifusão e os objetivos do setor”.

A mesa foi composta por dirigentes de Radiodifusão e presidentes de associações do setor. O governador do Estado, Geraldo Alckmin, foi representado pelo secretário de Comunicação, Luiz Salgado Ribeiro. O tema do congresso é “Oportunidades da Radiodifusão como Negócio”. O presidente da Aesp disse que o objetivo do evento, que tem duração de três dias, é “refletir, debater, corrigir rotas e criar perspectivas de novos negócios para hoje e para o amanhã”.

DIGITALIZAÇÃO

Para Schymura, a passagem do padrão analógico para o digital significa “salto gigantesco” para a radiodifusão de sons e imagens no Brasil, em decorrência da avançada universalização no seu uso. Cerca de 90% dos lares brasileiros possuem televisão – uma das principais e mais baratas fontes de informação e de entretenimento. Schymura observou que cada um desses lares tem, normalmente, mais de um rádioreceptor, que se soma ao dos veículos e aos portáteis – inseparáveis de grande parcela de jovens e de trabalhadores.

“A digitalização promoverá a revitalização das emissões em Ondas Médias, Curtas, Tropicais e em Freqüência Modulada (FM), gerando novos atrativos para a indústria da radiodifusão, para ouvintes e prestadores de serviços”, vislumbrou o presidente, relacionando outras conseqüências econômicas e sociais. “A digitalização forçará o surgimento de novo modelo empresarial e exigirá o ajuste da planta industrial correlata, sem falar da significativa melhoria na qualidade de som e imagem e a agregação da informação e do entretenimento à prestação dos serviços.”

Mas alertou que todos do setor de radiodifusão têm responsabilidade adicional no processo, que é garantir, no mínimo, a mesma abrangência da cobertura hoje existente. A radiodifusão sonora tem, de acordo com

Schymura, mais de 4,3 mil emissoras em funcionamento no país, que são alvo da mesma e permanente atenção da Anatel, inclusive em relação à fiscalização. “A Agência segue atuando de forma efetiva para coibir a clandestinidade nos serviços de radiodifusão e, por esse motivo, solicitamos, sempre, a prestimosa colaboração dos radiodifusores, para que possamos minimizar os efeitos nocivos das emissões clandestinas em nosso País.”

HOMENAGENS

O evento prestou homenagens póstumas, com a entrega do Prêmio Aesp de Radiodifusão ao jornalista Roberto Marinho e a José Bonifácio Coutinho Nogueira, advogado e empresário do setor, responsável pela construção e instalação da Fundação Padre Anchieta e do grupo EPTV de radiodifusão, no interior de SP.

Marinho foi apontado como o maior empresário da comunicação no Brasil, por ter deixado, como legado, as Organizações Globo, composta por rádios, TVs, jornais, revistas, editora, TV por assinatura, internet, gravadora (Som Livre), e pela Fundação Roberto Marinho, entidade que sempre se destacou em ações voltadas, sobretudo, à Educação a Distância. As empresas de comunicação do grupo atingem a 99% da população.

Em seguida, foi anunciada a entrada em operação do primeiro portal de informações do setor de radiodifusão do estado de SP (www.aesp.com.br ), com o objetivo de disponibilizar informações diversas sobre o setor (para fins de pesquisa por estudantes e internautas em geral), notícias, novidades tecnológicas, nomes e freqüências de rádios AM e FM e televisões do estado de SP, além de ser um canal para possíveis denúncias de rádios clandestinas

e irregularidades no meio. O portal conta ainda com fórum para debates, chats, informações sobre cursos, projetos sociais e a agenda de eventos da Aesp, entre outras oportunidades.

“Nossa expectativa é de que o portal venha a ser um banco de dados e informações para os radiodifusores, estudantes, professores e interessados. E, principalmente, seja o grande fomentador de uma verdadeira comunidade virtual interessada nesse meio”, explicou José Pizani, presidente da Aesp. Após a solenidade de abertura do Congresso, Schymura, ao lado de Pizani, fez a abertura oficial da exposição de equipamentos do setor.

O local do evento conta ainda com uma mostra sobre a história do Rádio, seus profissionais, evolução tecnológica, por meio de painéis, fotos e gravações raras. A mostra destaca radialistas que marcaram época e artistas que começaram no rádio, conduzindo os visitantes a uma viagem pelo tempo. Conta, ainda, com 13 aparelhos radiofônicos antigos (peças raras) e, logo na entrada, como destaque, as figuras dos pioneiros do rádio, Marconi e Roquette-Pinto.

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