Amanhã, irá ocorrer um eclipse do Sol, visível como anular na cidade de Madri. A possibilidade de observá-lo, em uma cidade com todo conforto, está provocando uma solicitação de reservas de vôos para os dias que antecedem o fenômeno.
A aparência será de um círculo de fogo ao redor do Sol negro, em virtude do disco lunar, que não vai conseguir encobrir totalmente o disco solar. Vários leitores do meu Anuário de Astronomia 2005 – que se transformou num guia de astroturismo ou turismo astronômico, em especial para os caçadores de eclipses -, têm me telefonado solicitando informações complementares.
Esse eclipse, o quarto eclipse anular do Sol do século XXI e o segundo eclipse solar de 2005, será visível na forma parcial sobre três continentes (Europa, África e Ásia), a faixa de centralidade irá iniciar no Oceano Atlântico norte atravessando sucessivamente os seguintes países: o norte de Portugal, Espanha, Argélia, Tunísia, Líbia.
Amanhã, a Lua Nova irá passar diante do Sol. Como o nosso satélite estará ligeiramente mais afastado da Terra, em conseqüência teremos um eclipse central anular observável, numa faixa de 160 a 220km de largura que atravessará o norte de Portugal, Espanha, Argélia, Tunísia, Líbia, nordeste de Tchad, Sudão, sudoeste da Etiópia, Quênia e finalmente Somália. O fim do eclipse vai ocorrer no meio Oceano Índico.
As circunstâncias locais das principais cidades atravessadas estão na tabela cálculo das circunstâncias do eclipse anular do Sol de amanhã.
Em Madri, cidade situada no meio da faixa da totalidade, a observação, além de muito favorável, será o sítio que atrairá o maior número de observadores.
O eclipse máximo irá ocorrer às 10h31min 39,8seg TU, num ponto de latitude 12º52,3?N e longitude 28º44,1?E. A magnitude do eclipse será 0,95759. Sua duração máxima será de 4min 31,5seg, o que caracteriza um eclipse relativamente longo.
Felizmente a maior parte do eclipse ocorrerá numa região densamente povoada e que permitirá sua observação por uma grande parte da população; portanto, será um eclipse especialmente posicionado para os europeus, pois uma simples viagem à península ibérica permitirá observá-lo. Além de condições favoráveis da observação, é conveniente salientar que a totalidade do fenômeno vai ter uma duração de quatro minutos. Por outro lado, os que não desejarem se deslocar até a faixa de totalidade, poderão acompanhar o eclipse parcial na Europa, África, Oriente Médio, Oceano Índico, e parte do território indiano.
Em Paris, pela manhã, o eclipse parcial alcançará a magnitude 0,70 e no Pic-du-Midi, nos Pireneus, no sul da França, a magnitude será 0,87, ou seja, 87% do disco solar será encoberto pelo lunar. No entanto, em Madri a observação, além de inesquecível, será indizível.
Ronaldo Rogério de Freitas Mourão, fundador e primeiro diretor do Museu de Astronomia e Ciências Afins, no qual hoje é pesquisador titular, sócio titular do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e autor de mais de 75 livros, entre outros, do Explicando a Teoria da Relatividade. Consulte a homepage: www.ronaldomourao.com
