Para cumprir a meta estabelecida no Protocolo de Kyoto, a Comunidade Européia teria que deixar de emitir 200 milhões de toneladas de carbono até 2012. Como cada tonelada vale 27 euros, é fácil ter uma idéia da real dimensão dessa questão econômica.
"O preço do carbono e das ações para a redução das emissões na Europa, principalmente no caso das empresas de energia, acabará incorporado no custo dos serviços que chegam ao consumidor", afirma o engenheiro Marco Antônio Fujihara, diretor da área de sustentabilidade da PricewaterhouseCoopers Brasil. O consultor participou, na quinta-feira, da 2.ª Conferência Regional sobre Mudanças Globais: América do Sul, no Instituto de Estudos Avançados (IEA) da Universidade de São Paulo.
Na visão de Fujihara, essa conta, que inclusive tem gerado inquietação entre os consumidores de alguns países, como a Espanha, pode até inviabilizar o cumprimento do protocolo.
"Sabemos que algumas empresas na Europa do setor de energia definiram uma meta de custos. Ou seja, a partir de um certo ponto elas não vão mais pagar a conta da redução das emissões de carbono", diz Fujihara.
A partir de um estudo feito todos os anos pela PricewaterhouseCoopers, fica clara a tendência do setor empresarial e dos investidores na Europa. "Muitos acreditam que o caminho é em direção às energias renováveis e ao gás natural. Mas ninguém quer perder dinheiro hoje, e nem está preocupado com as mudanças climáticas globais por bondade. Existe uma pressão muito grande para que as empresas, nessa questão das emissões, passem a ser mais transparentes na divulgação das informações", aponta Fujihara.
Se o quadro da Europa já é complexo atualmente, lá 12 empresas de energia são responsáveis por 80% das emissões do setor, no Brasil isso tudo poderá ocorrer nas mesmas proporções em 2012, quando começa a segunda fase do Protocolo de Kyoto. "Está aceso um grande sinal de alerta. A questão da conta é importante e precisa ser discutida desde já. Saber quem vai pagá-la é fundamental", ressalta o consultor.