Sempre houve situações inusitadas sobre o corpo humano, que intrigam médicos e cientistas, mas talvez nenhuma seja tão intrigante quanto à imunidade que algumas pessoas têm ao HIV. A AIDS mata 2 milhões de pessoas no mundo, mas há quem não pegue a doença mesmo após numerosas exposições ao vírus (prostitutas, ou pessoas que vivam em áreas de grande difusão da doença), que não faz efeito algum no organismo de tais indivíduos.

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A resposta a esse enigma parece estar em uma proteína, o CCR5. Essa proteína, que fica na superfície de células do sistema imunológico, é usada como “porta de entrada” para que os vírus HIV penetrem as células. A partir de um estudo com ratos, pesquisadores da Universidade de Carolina do Sul (EUA) descobriram que as proteínas CCR5 de alguns organismos têm imunidade ao HIV, uma trava que impede a penetração do vírus da AIDS.

Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores fizeram o seguinte: pegaram ratos já infectados com o vírus e injetaram neles células-tronco, com uma mutação especial no gene que sintetiza a proteína CCR5. As células injetadas foram capazes de combater e eliminar não apenas o vírus do HIV, como também de outras doenças. E isso mesmo após o vírus já ter se instalado em outras células. E como as células-tronco se reproduzem “para sempre” (tempo indefinido), o organismo é suprido constantemente com armas para combater os vírus que infectam o organismo.

O sucesso dessa operação anima os cientistas, que vislumbram novas soluções para o tratamento da AIDS. Os cientistas perceberam que a proteína CCR5 é parte importante no processo em 2009, quando um paciente aidético recebeu um transplante de medula óssea que continha genes com a mutação que produz proteínas CCR5 “à prova de vírus HIV”. Uma das teorias para a existência dessa mutação é a de que surgiu durante a epidemia de Varíola que assolou várias partes do mundo no século XX e conferiram resistência ao vírus da doença, para alguns organismos.

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O problema é que nem todos os organismos têm a mutação que produz CCR5 com resistência ao vírus, e não há, pelo menos em curto prazo, um método garantido com que as pessoas possam adquirir essa proteína, o procedimento funcionou apenas em ratos. Por essa razão, a partir de exames com prostitutas na África (continente com maior incidência do vírus) que não contraíram o vírus após três anos expostas diariamente ao risco. Eles descobriram que há mais duas proteínas com o potencial de “caçar e destruir”, o HIV pelo organismo, e não apenas de barrar sua entrada na célula. O desafio é trabalhar com essas duas possibilidades.

Fonte: Proteína que impede o avanço do HIV é descoberta

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