A pirataria do papel, ou seja, a cópia ilegal de textos vem ganhando cada vez mais espaço na discussão entre leitores, autores e editores. Entre os pontos discutidos está a opinião de leitores que dizem que os livros são muito caros e a dos autores que não conseguem receber os direitos autorais. Nesta ordem os editores também garantem que poderiam diminuir o valor do livro caso conseguissem vender mais cópias. E assim começa este círculo vicioso, incluindo escolas e universidades que contribuem para a pirataria se manter.
Pensando nestas questões a Juruá, principal editora jurídica da região Sul, está lançando neste mês um programa que revolucionará o formato de pesquisa adotado no Brasil e que vai ajudar a combater a pirataria do papel. Trata-se do sistema da Biblioteca Virtual Juruá (www.jurua.com.br/bv), direcionado a pesquisadores, estudantes, profissionais das mais diversas áreas e àqueles que desejam atualizar-se sobre temas específicos. Por meio desse método, o usuário pode realizar inúmeras consultas a obras da Juruá e comprar somente o que lhe interessar, como partes de um capítulo ou mesmo uma página apenas. Neste primeiro mês do sistema, encontram-se disponíveis 200 títulos jurídicos para consulta. O interessante deste sistema é que seu mecanismo de consulta calcula automaticamente os direitos autorais do autor para que o mesmo seja devidamente creditado a quem por direito pertence.
A estudante do 5.º ano de Direito da Universidade Tuiuti do Paraná, Andréia Gandin diz que gostaria de comprar todos os livros que precisa para concluir o curso, mas é impossível porque todos os anos precisa comprar códigos e manuais novos e a bolsa-auxílio que um estudante de Direito recebe no estágio não é suficiente. ?Além do que, às vezes o professor mesmo fornece cópia de capítulos no xerox da faculdade, porque o livro pode ser estrangeiro ou de edições esgotadas, então, não sobram muitas opções?, revela. Gandin ainda complementa que um programa como o do Juruá será ideal e só trará benefícios aos estudantes. ?Hoje isso é considerado um crime, mas não existem muitas alternativas para os estudantes, tanto é que continua sendo prática de toda faculdade fotocopiar livros?, completa.
?O sistema foi desenvolvido para ser utilizado facilmente e gerar uma real economia para seus usuários, além de dinamizar e inovar na forma em como se acessa livros no Brasil?, afirma o consultor de marketing Rodrigo D’Almeida Bertozzi, um dos idealizadores da Biblioteca Virtual.
Dados da Pirataria
Com o objetivo de estimar o volume de cópias de material produzido por estudantes universitários na cidade de São Paulo a Associação Brasileira de Direitos Reprográficos ? ABDR patrocinou uma pesquisa realizada pela Franceschini ? Analises de Mercado em setembro e outubro do ano passado com 1430 alunos.
Nesta pesquisa revelou-se que bibliotecas e copiadoras são as principais opções para o estudante não comprar livros. Quando precisam ler um livro, 63% dos entrevistados tiram cópias, 68% emprestam na biblioteca, 29% emprestam dos amigos, 6% fazem pesquisas na internet e 1% apenas compram livros e, da porcentagem de cópias 74% são tiradas dentro da própria escola. Ao todo são copiadas 200 milhões de páginas por universitário na capital. Deixam de ser produzidos 9,9 milhões de livros a cada ano, considerando que a cada 20 páginas copiadas um livro deixa de ser comprado. O estudo feito pela ABDR aponta ainda que os universitários que tiram xerox são na maioria jovens provenientes de família com alta escolaridade e possuem alguma atividade ou trabalho.
A conclusão da pesquisa ressalta que 2/3 dos livros lidos são copiados ou retirados da biblioteca. Assim o autor deixa de vender livros, não recebe direitos autorais com cópias, causando um grande desestímulo na produção intelectual do País. E isso, segundo a pesquisa da ABDR, custaria equivalente a um hambúrguer por mês por aluno.
Tendo em vista esses números e opiniões, é visível a importância da conscientização e também alternativas para que os leitores comprem mais livros e os autores consigam receber direitos autorais de suas obras.
?O impacto da biblioteca virtual deverá alterar profundamente a maneira como se comercializam livros técnicos no país?, antevê Bertozzi, que completa: ?o sistema digital causará grande impacto e funcionará como uma verdadeira revolução para o livro técnico e didático. Não há como negar que para o mercado livreiro o sistema da Biblioteca Juruá Virtual será um divisor de águas?.
Bertozzi, juntamente com o analista de sistemas Luís Antônio Lago Hervatin, colocou a idéia em prática e chegaram ao sistema da Biblioteca Virtual Juruá. ?A idéia é revolucionar a maneira pela qual se pesquisa em obras técnicas, uma vez que os sistemas até então se utilizavam vários complicadores, como a necessidade de baixar o livro inteiro em determinados formatos, ou mesmo a dificuldade na pesquisa e acesso aos capítulos e índice alfabético?, afirma Hervtin.
Hervatin também acredita que este novo mecanismo de pesquisa mudará o mercado editorial. ?Do ponto de vista editorial os custos serão muito inferiores, uma vez que não envolve todo o custo de impressão, capas e principalmente distribuição, e isso é feito diretamente para o consumidor final por meio do sistema da Biblioteca Juruá Virtual?.
Informações sobre o licenciamento do sistema Biblioteca Juruá Virtual podem ser obtidas por meio do e-mail: bertozzi@jurua.com.br .
