Programa espacial em aplicação

ciencia051204.jpg

Uma das linhas de pesquisa
do Inpe é na área de sensoriamento
remoto aplicado à agricultura.

Imagine um imenso campo de plantação de soja no coração do Brasil. Agora vá até os morros de uma grande capital, pode ser Rio de Janeiro ou São Paulo. Subindo mais um pouco, chegamos até a região da floresta amazônica. Nesse rápido passeio, encontramos três situações que precisam dos dados fornecidos por satélites brasileiros. São alguns dos exemplos dos benefícios para a sociedade, decorrentes do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), que envolve, além da Aeronáutica, a Agência Espacial Brasileira (AEB) e Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), organismos do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Esses benefícios resultam dos recursos possibilitados pela utilização de satélites, com ênfase em aplicações de interesse do nosso cotidiano em áreas como Sensoriamento Remoto, Meteorologia, Oceanografia, Telecomunicações e Navegação. Mas, como? Vamos caso a caso.

Plantação de soja

O INPE, localizado em São José dos Campos (SP), dispõe na sua estrutura de uma Coordenação de Observação da Terra. Uma das suas linhas de pesquisa é na área de sensoriamento remoto aplicado à agricultura. Através de imagens geradas por satélites como Cbers ou Landsat, é possível desenvolver metodologias para estimar a área plantada e a produtividade de culturas agrícolas.

Morros e encostas

Na linha de pesquisa de Sistemas e Métodos de Planejamento e Gestão Territorial, o INPE desenvolve técnicas que auxiliam gestão do território, atendendo a demandas municipais. Há uma categoria específica, de Geoinformação para Gestão Municipal, que fornece subsídios sobre variáveis geomorfológicas no estudo de deslizamentos e análise de áreas urbanas através de imagens de alta resolução espacial. Com isso, as prefeituras têm informações para planejar uso e ocupação do solo urbano, evitando assim deslizamentos e outros problemas afins.

Floresta amazônica

Uma outra linha de pesquisa se refere ao Sensoriamento remoto no Estudo de Ecossistemas Terrestres, e desenvolve estudos para avaliar o quadro atual e os processos hidrológicos e de produção primária dos principais ecossistemas brasileiros (Mata Atlântica, Cerrado, Amazônia, Pantanal e Caatinga).

Dentre as áreas de abrangência desse grupo de pesquisa há estudos específicos para monitorar o desfloramento da Amazônia e para mapeamento da planície de inundação do rio Amazonas e avaliação de sua variabilidade espacial e temporal.

Entre as aplicações do Programa Espacial Brasileiro, também destacam-se o mapeamento, avaliação e controle de reservas minerais e recursos hídricos; coleta de dados para uso em modelos de previsão de tempo e clima; levantamento, cadastramento e monitoração do meio ambiente (queimadas, desmatamento, poluição, avaliação do uso da terra); vigilância territorial e de fronteiras; caracterização, prospeção e acompanhamento marítimo; mapeamentos geológicos, cartográficos e florestais; utilização em telecomunicações, inclusive em setores de baixa rentabilidade comercial, como teleeducação e telemetria; preservação e exploração da biodiversidade e mudanças globais.

Satélite orienta produção de cana

Um dos maiores produtores de açúcar do País usa os dados fornecidos pelos satélites. A Copersucar União, empresa com sede em São Paulo, investe cerca de 30 milhões de reais por ano em C&T e é uma das mais avançadas instituições no desenvolvimento de tecnologia para a agroindústria da cana-de-açúcar no mundo.

O Centro de Tecnologia da Copersucar é um dos usuários dos serviços fornecidos pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), através da utilização de imagens do satélite da série Landsar e Cbers e dos estudos conjuntos de radiometria com a Divisão de Sensoriamento Remoto. Com essas informações, a Copersucar faz análise do uso da terra para identificação e quantificação da área das diferentes culturas agrícolas. Além disso, com esses estudos é possível identificar as variedades de tipos de cana de açúcar e até mesmo monitorar problemas com pragas e infestação de plantas invasoras no canavial.

Projeto totalmente brasileiro

O grande objetivo é ter satélites brasileiros, lançados por foguetes brasileiros de uma base brasileira. Hoje o Brasil já dispõe da base e de satélites, e tenta ter o foguete, no caso, o VLS-1. Dentre os satélites brasileiros que estão em órbita, temos como exemplos o SCD (Satélite Coletor de Dados), lançado de base americana, e o Cbers, em parceria com a China. Com a Base de Alcântara, o País reduz os custos de lançamento de satélites, não só por ser própria, mas também pela posição privilegiada, próximo à linha do Equador, que reduz gastos com combustíveis.

"A localização peculiar do território brasileiro possibilita, também, vantagens comparativas na condução de pesquisa científica sobre alguns fenômenos ou temas específicos. São exemplos (…) as bolhas de plasma (que interferem nas comunicações), as interações oceano-atmosfera no Atlântico Sul (de grande importância na modelagem do clima), ou os impactos das ações antrópicas na região Amazônica sobre os climas regional e global" (G. Meira, L. Fortes, E. Barcelos, IV Encontro do Núcleo de Estudos Estratégicos da Unicamp, 1988).

Um dos principais benefícios para a sociedade brasileira, decorrentes do Programa Nacional de Atividades Espaciais (PNAE), coordenado pela AEB, resulta dos recursos possibilitados pela utilização de satélites, com ênfase em aplicações de interesse do nosso cotidiano em áreas como Sensoriamento Remoto, Meteorologia, Oceanografia, Telecomunicações, Geodésia e Navegação.

Entre as aplicações do programa destacam-se o mapeamento, avaliação e controle de reservas minerais e recursos hídricos; coleta de dados para uso em modelos de previsão de tempo e clima; levantamento, cadastramento e monitoração do meio ambiente (queimadas, desmatamento, poluição, avaliação do uso da terra); vigilância territorial e de fronteiras; caracterização, prospeção e acompanhamento marítimo; mapeamentos geológicos, cartográficos e florestais; utilização em telecomunicações, inclusive em setores de baixa rentabilidade comercial, como teleeducação e telemetria; preservação e exploração da biodiversidade e mudanças globais.

Paranaense quer saber da estiagem

Um agricultor da cidade de Patos de Minas, no interior de Minas Gerais, precisa de informações sobre alerta de doenças na cultura do milho. Um produtor de trigo paranaense quer saber sobre estiagem agrícola ou umidade do solo. Pela internet, o programa Agritempo – Sistema de Monitoramento Agrometeorológico desenvolvido pela Embrapa Informática Agropecuária – responde a essas e a várias outras dúvidas de agricultores de todo o Brasil.

Para alimentar essa base de dados, são essenciais os serviços de previsão do tempo e clima do Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O organismo utiliza imagens de satélites diversos, nacionais e internacionais, para garantir a boa qualidade das previsões meteorológicas. Se pensarmos num país com extensões continentais como Brasil, a precisão nesse tipo de informação é essencial para o planejamento de diversas atividades econômicas, principalmente a agricultura.

O sistema desenvolvido pela Embrapa com base nessas informações permite aos usuários o acesso, via internet, às informações meteorológicas e agrometeorológicas de diversos municípios e estados brasileiros. O Agritempo permite a atualização de cadastro de estações e dados climáticos diários (temperaturas máxima e mínima, e precipitação), criação de boletins agrometeorológicos e visualização de mapas que são gerados dinamicamente no momento da execução dos boletins. "Essas informações são decodificadas e repassadas ao agricultor na forma de alertas de doenças, manejo de solo, estiagem agrícola, necessidade de irrigação, datas prováveis de plantio e umidade do solo, entre outros dados, que são fundamentais para o dia-a-dia do agricultor", esclarece o pesquisador Eduardo Assad, coordenador do Agritempo.

Grupos de WhatsApp da Tribuna
Receba Notícias no seu WhatsApp!
Receba as notícias do seu bairro e do seu time pelo WhatsApp.
Participe dos Grupos da Tribuna
Voltar ao topo