A copaíba, planta original da Amazônia, é um dos componentes de um novo produto odontológico, desenvolvido pela professora doutora Ângela Garrido, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam). Ela produziu um cimento endodôntico (colocado dentro do dente) à base de óleo resina de copaíba. O projeto ganhou menção hon-rosa na 23.ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Pesquisa Odontológica.
O cimento endodôntico é uma associação de pó e líquido que endurecem quimicamente ao se misturar. Ele é usado para o preenchimento do canal radicular. ?Para fazer um tratamento de canal, é preciso tirar a polpa, limpar e depois preencher o canal com este tipo de material. Mas não se pode preencher com qualquer produto, pois ele entra em contato com as células do paciente. O produto deve possuir propriedades para um bom preenchimento?, explica Ângela. O sistema de canal radicular deve ser vedado de modo compacto e completo.
De acordo com ela, não há no mercado odontológico um cimento endodôntico ideal que preencha os requisitos físicos e biológicos pelo Instituto Nacional de Padronização da Associação Dentária Americana (Ansi/ADA).
A partir disso, surgiu o estímulo de desenvolver um novo produto que apresentasse propriedades físico-químicas e de biocompatibilidade satisfatórias e dentro dos padrões ideais. Muitos cimentos disponíveis no mercado são irritantes ao tecido vivo periapical do paciente.
Foi estudada, então, uma espécie de planta da região onde Ângela trabalha e estuda, criada e disponibilizada pela Ufam. A copaíba possui uma série de princípios ativos com propriedades antiinflamatória, antiséptica e cicatrizante. O cimento endodôntico com copaíba foi desenvolvido e verificou-se que ele não causa irritação tecidual e estimula o processo de cicatrização do paciente.
O novo produto cumpre com todas as exigências da Ansi/ADA, como tempo de presa, solubilidade, espessura de película, estabilidade dimensional, escoamento e radiopacidade.
O novo cimento é até seis vezes mais acessível do que alguns produtos disponibilizados no mercado. Além do baixo custo e de ser uma matéria-prima natural, a copaíba poderia ainda estimular o desenvolvimento de algumas comunidades amazônicas.
?A população em geral dispõe de um novo produto odontológico com excelente qualidade do ponto de vista físico e biológico, oferecendo a vantagem de reduzir o custo do tratamento do canal radicular. É uma nova opção para todos que forem realizar um tratamento odontológico e quiserem uma novidade, sem ter pagar tão caro por isso?, comenta Ângela.
O cimento já possui marca registrada (Cop Endo) e patente. Uma empresa do Amazonas, especializada em produtos odontológicos exportados para vários países, se estruturou para comercializar o novo produto. A confecção das embalagens já começou. O processo de registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) ainda está em andamento, mas o cimento à base de óleo resina de copaíba deve entrar brevemente no mercado.