O Porto de Paranaguá, no litoral do Paraná, poderá começar a abrigar navios alemães que tiverem objetivo de pesquisa, a partir do ano que vem. A ideia é que os investigadores possam utilizar a estrutura do porto, sem dispêndio financeiro e, em contrapartida, que o porto possa usufruir das pesquisas desenvolvidas por eles.
Uma visita destes estudiosos alemães do Instituto de Oceanografia da Universidade de Hamburgo, feita no mês de setembro ao porto, confirmou o interesse daquele país na biodiversidade do complexo portuário de Paranaguá.
Daqui no máximo dois meses, os dirigentes do Porto de Paranaguá pretendem firmar um termo de cooperação com os alemães. O superintendente da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa), Daniel Lúcio Oliveira de Souza, acredita que o convênio vai trazer muitas vantagens a todo o complexo portuário. “A visita já demonstrou que temos grande preocupação com o meio ambiente, por isso os alemães gostaram muito da nossa recepção. É de grande importância poder abrigar tripulações científicas, pois esses institutos aplicam seus recursos em países em desenvolvimento. E nós aqui em Paranaguá estamos cercados de riquezas ambientais, temos o quarto complexo lagunar do mundo. Então temos que fazer de tudo para que a atividade portuária seja a menos impactante possível”, analisou Souza.
Uma das contribuições destes pesquisadores já existe no Porto de Paranaguá, que é o projeto Desport. Este projeto, encabeçado pelo pesquisador e diretor do Centro de Pesquisas e Tecnologias Costeiras da Universidade de Kiel, na Alemanha, Roberto Mayerle, vem sendo desenvolvido há três anos. O objetivo do trabalho foi diagnosticar os problemas de impacto ambiental inerentes à atividade portuária, e buscar soluções para o manejo sustentável. A pesquisa criou uma simulação para definir modelos de monitoramento ambiental a serem utilizados no porto, como por exemplo nos programas de dragagem ou em situações de acidentes ambientais. “Essa pesquisa foi muito importante, pois eles chegaram à conclusão de que o maior poluente não é o porto, mas sim a cidade, por meio de esgotos, por exemplo”, relatou Souza.
O superintendente da Appa lembrou que os portos paranaenses estão muito bem equipados para colocar em prática eventuais planos de contingência ambiental por meio do Clube de Serviços de Meio Ambiente, mas isso não descarta a necessidade e importância de ter um banco de dados científico atualizado sobre as condições das baías de Paranaguá e Antonina, que formam um dos maiores estuários lagunares do mundo. “Hoje nós temos tecnologia e conhecimento científico para atuar na economia sem impactar, sem causar danos ao meio ambiente. Estamos comprometidos com essas ações”, acrescentou o superintendente.