Divulgação/Science and Technology Facilities Council
Atualmente, Marte surge do lado do nascente, ao anoitecer, logo após
o pôr-do-Sol.

A melhor época para observar Marte é quando este planeta e a Terra, além de se encontrarem do mesmo lado do Sol, atingem a menor distância possível entre si. Isto ocorre quando os três astros se encontram alinhados e a Terra ocupa a posição central. Neste caso, visto do nosso planeta, Marte e o Sol estariam em posições opostas no espaço; razão pela qual esta configuração planetária é denominada oposição. Diz-se que Marte está em oposição ao Sol. Nessa época, o planeta nasce, em geral, às 18h, quando o Sol se põe; passa mais próximo do zênite à noite, deitando-se às 6h, quando o Sol está nascendo.

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Nem todas as oposições, que ocorrem de dois em dois anos, são favoráveis, em virtude das órbitas dos planetas não serem circulares, e sim elípticas. As posições mais favoráveis – a distância Terra-Marte é quase mínima – ocorrem quando Marte se encontra no periélio, ou em suas vizinhanças. Tais oposições, conhecidas como oposições periélicas, acontecem em geral nos meses de agosto e setembro, quando o planeta se encontra próximo do seu periélio. Por outro lado, as oposições que ocorrem nos meses de fevereiro e março, nas vizinhanças do afélio de Marte, são designadas por oposições afélicas.

Atualmente, Marte está surgindo do lado do nascente, ao anoitecer, logo após o pôr-do- sol, e alcança o zênite por volta da meia-noite. Na véspera de Natal, o planeta vermelho estará a uma distância de cerca de 88 milhões de quilômetros.

Essa aproximação de Marte constitui, para o observador interessado no céu, uma ocasião única para apreciar o planeta a olho nu e com instrumento modesto. Nesta época o planeta será o mais fácil objeto celeste a ser identificado no céu a olho nu, em virtude do seu relativamente rápido deslocamento aparente entre as estrelas, bem como pela sua coloração acentuadamente avermelhada, razão pela qual foi associado a Marte, deus da guerra entre os romanos.

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Visto através de um telescópio, Marte é um planeta muito atraente. Com um telescópio de 50 a 60 milímetros de abertura e um aumento de 100 vezes vai aparecer como um pequeno disco uniformemente colorido de ocre rosado. Nas condições mais favoráveis poder-se-á distinguir, sob o aspecto de um ponto brilhante, a calota polar. Esta calota, branca devida ao gelo que a compõe, será um acidente da superfície marciana de observação notável, em contraste com a coloração rosa do resto da superfície. Durante esta época de observação, o seu eixo de rotação do planeta vermelho estará quase perpendicular à nossa linha de visão. Como, simultaneamente, no dia 10 de dezembro, começou a primavera no hemisfério norte de Marte e o outono no hemisfério sul, será, portanto, possível acompanhar o desaparecimento gradual da camada brilhante que obstrui a vista à calota do pólo norte. A calota polar, composta por dióxido de carbono (gelo seco), acumulado durante o longo inverno nórdico, irá desaparecer gradualmente, até abril de 2008. Realmente, vale aproveitar os primeiros meses do próximo ano para observá-lo, pois uma nova oportunidade só daqui há dois anos.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão é astrônomo e autor do Anuário de Astronomia e Astronáutica 2008.