São Paulo (AE) – No final do ano que vem, na fronteira entre a França e a Suíça, terá início o maior experimento científico de todos os tempos. Dentro de um túnel blindado construído sob a terra, pesquisadores farão reconstituições do Big Bang, a gigantesca explosão ocorrida há 14 bilhões de anos que deu origem ao universo. E o Brasil estará lá.

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O projeto do Grande Colisionador de Hádrons (LHC, na sigla em inglês) é tão ambicioso – intelectual e financeiramente -, que nenhuma instituição seria capaz de realizá-lo sozinha. Trabalham nele 15 mil cientistas de 37 países, sob orientação do Centro Europeu de Pesquisa Nuclear (Cern). Da América Latina, participam só o Brasil e a Argentina. Até novembro de 2007, quando a máquina for ligada, o projeto terá consumido a fortuna de 10 bilhões de francos suíços (R$ 17,5 bilhões). As instituições brasileiras envolvidas são a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade de São Paulo (USP), a Universidade Estadual Paulista (Unesp) e o Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.

O túnel circular do LHC tem 27 quilômetros de extensão e está enterrado a cem metros de profundidade. Dentro dele serão lançados prótons (as partículas do átomo com carga positiva) em direções opostas e a velocidades próximas de 300 mil km/s, a velocidade da luz. A cada segundo haverá 800 milhões de colisões que produzirão energia e novas partículas – a velha fórmula.

E=mc2 diz que energia pode ser convertida em massa.

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Quatro detectores instalados ao longo do túnel enxergarão e medirão a energia e as partículas geradas pelas colisões. O detector Atlas, por exemplo, é um cilindro de 45 m de comprimento e 22 m de altura (um prédio de cinco andares). Os cientistas acompanharão tudo da superfície.

?É o maior experimento científico tanto em tamanho como em energia. Maior energia, só a dos raios cósmicos?, afirma o professor Fernando Marroquim, da UFRJ, que faz parte do grupo que construiu o Atlas. A temperatura dentro do túnel será de – 271ºC, apenas 2ºC a mais que o chamado zero absoluto. ?É a maior geladeira do mundo?, diz o físico Leandro de Paula, também da UFRJ, mas envolvido na construção do detector LHCD.

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O LHC ajudará a aumentar o conhecimento sobre o universo, as principais dúvidas se relacionam aos primeiros momentos após o Big Bang. Antes dele, toda a energia e toda a matéria estavam concentradas dentro um espaço minúsculo, menor que o núcleo de um átomo. Com a explosão, a energia e a matéria foram liberadas e deram origem ao universo. Da mesma forma, energia e matéria serão liberadas dentro do LHC. A máquina produzirá pequenos Big Bangs.

Os cientistas querem ver como surge a matéria. Provavelmente aparecerão partículas jamais vistas, como a Higgs, hoje conhecida apenas na teoria. Outro enigma é o destino da antimatéria, que some logo que a matéria é criada.