Se o modelo atual de consumo e degradação ambiental não for superado, é possível que os recursos naturais entrem em colapso a partir de 2030, quando a demanda pelos recursos ecológicos será o dobro do que a Terra pode oferecer.

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É o que mostra o relatório Planeta Vivo 2008, publicação bianual da Rede WWF divulgada na última semana. O estudo evidencia ainda que as populações mundiais de diversas espécies reduziram quase 30% em apenas 35 anos.

Alguns países, como os EUA e a China, demandam mais que sua biocapacidade (aquilo que seus ecossistemas são capazes de oferecer), se caracterizando como “países devedores ecológicos”.

Outros, como o Brasil, por exemplo, são “países credores ecológicos”, pois ainda possuem mais recursos ecológicos do que consomem, e usualmente “exportam” sua biocapacidade para os devedores.

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“Assim como a bolha financeira mundial gerou a crise econômica atual, o consumo desenfreado dos recursos naturais disponíveis no planeta pode gerar uma nova crise”, alerta Denise Hamu, secretária-geral do WWF-Brasil.

“O Brasil precisa ter consciência da importância de conservar seus ativos ecológicos e de engajar-se no desenvolvimento de modelos de negócios inovadores e baseados em uma gestão sustentável dos recursos naturais.”

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Esta é a sétima edição do estudo, que traz dois indicadores da saúde da Terra. Um deles é o Índice Planeta Vivo (IPV) – medida derivada de estudos de longo prazo sobre quase 5 mil populações de 1.686 espécies -, que reflete o estado dos ecossistemas do planeta.

Baseado nas populações mundiais de espécies de vertebrados, como peixes, aves, répteis e mamíferos, esse indicador apresentou uma redução de quase 30% em apenas 35 anos.

Em algumas áreas temperadas, não houve redução nas populações. Em compensação, a redução de 60% na região tropical mostra a urgência de conservarmos os ecossistemas e seus serviços ecológicos.

O outro índice medido no relatório Planeta Vivo é a Pegada Ecológica, que evidencia a extensão e o tipo de demanda humana por recursos naturais e sua pressão sobre os ecossistemas. A média individual mundial é de 2,7 hectares globais por ano.

O índice recomendado no relatório para que a biocapacidade do planeta seja suficiente para garantir uma vida sustentável seria de 2,1 ha/ano por pessoa. No entanto, a média brasileira por pessoa já supera este patamar e está atualmente em 2,4 ha/ano.

“Para diminuir a Pegada Ecológica do País é importante que os consumidores adotem uma postura consciente ao realizar suas compras. Também é fundamental que as empresas façam sua parte, pensando em processos de produção, embalagem e distribuição menos impactantes. Já os governos precisam prover infra-estrutura, estabelecer marcos regulatórios e incentivos para tornar viáveis ações sustentáveis”, exemplifica Irineu Tamaio, coordenador do programa de Educação para Sociedades Sustentáveis do WWF-Brasil.

Os países com mais de um milhão de habitantes que tiveram maior Pegada Ecológica foram os Emirados Árabes Unidos, os EUA, o Kuwait, a Dinamarca e a Austrália. Segundo o relatório, o Brasil ocupa o 58.º lugar em termos de consumo entre os países com mais de um milhão de habitantes.