A parceria entre indústrias, poder público, universidades e centros de pesquisa pode alavancar o desenvolvimento da biotecnologia no Paraná. A proposta foi apresentada na última sexta-feira (01), no Cietep, em Curitiba, durante um painel sobre biotecnologia aplicada aos setores agrícola, avícola e florestal, realizado pelo Observatório de Prospecção e Difusão de Tecnologia do Senai, em parceria com o Sesi e a Fundação Observatório de Prospectiva Tecnológica Industrial (OPTI), de Madri. A iniciativa faz parte do projeto Setores Portadores de Futuro para o Paraná, que visa projetar a posição dos setores industriais do Estado em relação às tendências internacionais nas áreas de tecnologia, economia e indústria nos próximos de 10 anos.
"No Paraná, há uma forte representação universitária de pesquisa e desenvolvimento em biotecnologia. O problema é que não existe uma vinculação entre pesquisa e desenvolvimento e a realidade empresarial. Poucas empresas aplicam a capacidade desenvolvida pelas universidades. A solução é intensificar o apoio estatal para ajudar as empresas a se desenvolverem neste campo", sugeriu Modesto Escobar, assessor técnico da OPTI.
"O desenvolvimento bioindustrial será nos próximos cem anos uma das molas propulsoras de geração de emprego e riqueza no Brasil, em função da quantidade de matérias-primas e recursos naturais que o país dispõe", considerou o professor Carlos Ricardo Soccol, coordenador do curso de Mestrado e Doutorado de Bioprocessos Industriais e Biotecnologia da UFPR. "As empresas paranaenses podem agregar valor aos seus produtos utilizando a biotecnologia de diferentes maneiras. Desenvolvendo parcerias com universidades e centros de desenvolvimento tecnológico onde já existe muita pesquisa aplicada de qualidade. Porém, há poucas oportunidades para estes laboratórios mostrarem às indústrias seu potencial", observou.
A coordenadora de Pesquisa, Meio Ambiente e Qualidade Florestal da Klabin, Ivone Fier, confirma o diagnóstico. "A indústria paranaense tem investido em biotecnologia. Na área florestal temos alguns investimentos principalmente em melhoramento genético. Mas achamos que é necessário investir mais nessa área. Se formos comparar com o mercado mundial com certeza nosso investimento ainda é insipiente. Precisamos melhorar muito nossa capacidade de investimento nessa área porque isso vai representar diferenças competitivas no futuro", afirmou Ivone. Na visão dela, é preciso uma melhor capacidade de articulação e entrosamento entre a empresa, o governo e as universidades que trabalham com pesquisa em biotecnologia. "Afinal, algumas novas tecnologias que estão surgindo nesta área vão ser fatores de diferenciais competitivos e formas de crescimento das indústrias", concluiu.
A gerente de vendas Angelina de Oliveira, da Novozymes, empresa dinamarquesa de enzimas, única na América Latina, confirma que a biotecnologia é o mercado a ser explorado no futuro. "Porque é uma tecnologia limpa. Utiliza poluentes para transformar. Por exemplo, utiliza-se resíduos em vários processos para produzir gás natural, biodiesel, que é uma tecnologia limpa", contou.
De acordo com ela, a empresa de enzimas atua hoje em diversos mercados do Brasil. "Os maiores mercados hoje estão na área alimentícia, que está dividida em lácteo, panificação, proteínas, sucos e frutas, vinhos e cervejaria. Depois, tem também enzimas para detergentes, têxtil, ração animal, couro, papel e celulose, ração animal, catálise, gorduras, tratamento de efluentes, além do mercado de biofarmacêuticos", enumerou Angelina. Segundo ela, no Paraná, vendemos mais para a área de alimentos e ração animal. A área de biotecnologia cresce muito no Paraná, em comparação com outros Estados.
Os painéis do projeto Setores Portadores de Futuro para o Paraná prosseguirão até esta terça-feira (05). Nesta segunda-feira (04), o painel será sobre microtecnologia. E, na terça-feira (05), no encerramento do evento, o tema será empresas em rede.
Serviço:
Projeto Setores Portadores de Futuro para o Paraná
De 29 de agosto a 05 de setembro
Das 13 às 18 horas
Auditório I – Unindus, no Cietep
Av. Comendador Franco, 1.341, Jardim Botânico, Curitiba-PR
Mais informações: (41) 3271-9433 ou (41) 3271-9435