São Paulo (Agência Fapesp) – Acostumados a ser mal recebidos durante milhões de anos, os parasitas da família do Trypanosoma cruzi, causador da doença de Chagas, desenvolveram mecanismos próprios de funcionamento que lhes permitem escapar das defesas dos organismos que invadem e se reproduzir com rapidez. No momento de se dividir e originar outra célula idêntica, esses protozoários não seguem a estratégia de outros organismos formados por células com núcleo.
Na etapa inicial de produção de proteínas, em vez de decodificarem um gene por vez, os parasitas da família do Trypanosoma cruzi lêem todos os genes de uma vez. Nesse momento, a longa molécula espiralada de DNA, que contém os genes, esparrama-se pela periferia do núcleo do parasita. Só depois que essa cópia simultânea dos genes termina é que a mensagem de cada gene é separada e começa a produção de proteínas que vão formar seus descendentes.
Biólogos da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) identificaram a região do núcleo onde se concentram centenas de cópias de um único gene, o SL (spliced leader ou seqüência líder), essencial para organizar essa aparente bagunça. É ele que vai marcar, em cada um dos outros genes já copiados, o ponto a partir do qual deve começar a produção das proteínas.
