O Paraná é um dos estados que vem tendo uma ênfase experimental em agricultura de precisão, mas com um nível de adoção tecnológica relativamente baixo quando comparado com Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Essa é a avaliação do professor do Departamento de Solos e Engenharia Agrícola da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Gláucio Roloff. A agricultura de precisão, explica ele, consiste em utilizar estratégias, por meio de técnicas de informações geográficas, para melhorar as condições do solo.
Em suas pesquisas na UFPR, que são desenvolvidas em parceria com a empresa LD Tecnologias Agrícolas, Roloff procura trabalhar com o que chama de agricultura de precisão "pés no chão", em que não são utilizadas fotos de satélite, por causa do alto custo. "Há tecnologias bastante simples que utilizam sistemas de informações geográficas e correção nutricional do solo", diz. Se na agricultura tradicional, numa gleba de 20 hectares se realiza somente uma análise laboratorial do solo, explica o pesquisador, na agricultura de precisão são feitas cerca de dez amostragens. Segundo Roloff, com um GPS para marcar o local exato em que foram colhidas as amostras de solo, mapas e processamento dos dados do terreno no computador, pode-se usar com mais eficiência insumos agrícolas.
"A utilização mais eficiente de recursos, implica maior lucratividade e, às vezes, mas não necessariamente, maior produtividade", avalia. Roloff diz que há também benefícios do ponto de vista ambiental. "A partir do momento em que se começa a controlar os excessos no uso de insumos, evita-se a contaminação da água."
O uso da agricultura de precisão, diz Roloff, tem aumentado a cada ano, mas num ritmo lento. Um dos motivos, segundo ele, seria que muitos pesquisadores tendem a querer sofisticar demais a técnica, o que implica em altos custos. "Muitas vezes a mídia mostra que a técnica necessita de equipamentos caríssimos, o que faz com que muitos produtores tenham uma certa aversão à utilização da agricultura de precisão. Já tivemos de fazer um trabalho para mostrar que é viável sem o dispêndio de muitos recursos. Com o tempo pode-se buscar estratégias mais sofisticadas, mas no início é melhor utilizar as de custo mais baixo", explica. Segundo o pesquisador, a agricultura de precisão exige novos conhecimentos do agrônomo, que precisa entender de eletrônica e tecnologias de informação, além de utilizar vários equipamentos, como computadores, softwares, GPS, mapas. Mas, segundo Roloff, do ponto de vista da lucratividade, o investimento compensa. "Descontando os custos da tecnologia e do trabalho especializado, a lucratividade de grãos com o uso da agricultura de precisão fica em torno de US$ 30 a US$ 40 por hectare ao ano", afirma. De acordo com Roloff, outras culturas podem se beneficiar. Em São Paulo, a técnica é utilizada maciçamente no cultivo de cana-de-açúcar. "Culturas com alto valor por unidade de área se beneficiam. A fruticultura de clima temperado, por exemplo, a mais propícia e pode ter bons resultados no Brasil."
O pesquisador diz que no Paraná alguns grandes grupos empresariais estão aderindo à agricultura de precisão. "Há núcleos no Oeste, em Cordélia, em Cascavel. No Norte do Estado, alguns produtores estão avançando bem. Em Tibagi, Mafra e Rio Negro também há grupos trabalhando." Roloff afirma que embora o custo possa ser alto para pequenos agricultores, eles podem se beneficiar da técnica através de associações e cooperativas.
Embrapa cria tecnologia de monitoramento aéreo
A Unidade Florestas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), em Colombo, lança a tecnologia "Monitoramento Aeroexpedito para a Identificação e Mapeamento de Doenças e Pragas Florestais", durante a 28.ª Exposição Internacional de Animais, Máquinas, Implementos e Produtos Agropecuários (Expointer), que acontece em Esteio, no Rio Grande do Sul, entre os dias 27 de agosto e 4 de setembro. A tecnologia foi desenvolvida a partir de estudos realizados pelas pesquisadoras Yeda Malheiros e Maria Augusta, com o suporte do técnico florestal Joel Penteado.
O técnico florestal afirma que essa tecnologia permite de forma simples e barata aumentar a eficiência do monitoramento remoto, para detectar o mapeamento de danos florestais. Segundo Penteado, o custo fica em torno de R$ 0,01 a R$ 0,06 por hectare. "Em áreas que três técnicos demoraram três meses para examinar, com o Monitoramento Aeroexpedito demoramos três horas. Depois desse tempo, você já tem o mapa na mão e pode enviar equipes de controle", conta. Ele afirma que num único dia já foi feito o monitoramento de 400 mil hectares para o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama), na região de Guarapuava e São Mateus do Sul.
De acordo com Penteado, a técnica consiste em observação aérea de regiões, utilizando equipamento de sistema de posicionamento global (GPS) de última geração e imagens de satélite no computador ou em papel para identificar os locais exatos em que há focos de incêndio e de desmatamento, ou incidência de pragas e de doenças na vegetação. "Você vai detectando os problemas e indica no mapa o tipo de dano." A técnica tem a vantagem de trazer maior precisão que o somente usar imagens de satélites.
"Trouxemos a técnica dos Estados Unidos há dois anos e fomos adaptando à nossa realidade", explica o técnico florestal. O desenvolvimento dessa tecnologia é fruto de uma parceria entre a Embrapa Florestas e o Serviço Florestal do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA Forest Service), com o objetivo inicial de monitoramento da vespa-da-madeira, em plantações de pinus no Sul do Brasil. (RD)