Foto: Daniel Derevecki |
O vendedor Carlos Max Hoffmann ajuda Neusa Ragonetti a comprar seu primeiro notebook. |
Responsáveis pelo maior aumento na venda de computadores no segundo trimestre do ano, os notebooks ou laptops viraram uma verdadeira coqueluche entre os consumidores brasileiros. Segundo dados do International Data Corporation (IDC), o número desses equipamentos comercializados passou de 227.599 unidades para 300.481, um aumento de pouco mais de 30%. Mas a compra desse equipamento ainda é cercada de uma série de dúvidas e cuidados que devem ser levados em conta na hora de fechar o negócio.
A infinidade de opções e a particularidade da aplicação desejada ainda são os maiores problemas enfrentados pela jornalista Francine de Souza. Ela, que está fazendo pós-graduação em comunicação audiovisual, quer um notebook para editar minidocumentários. ?Preciso de um aparelho que seja compatível com o Adobe Premiere (software de edição de vídeo). Toda vez que eu pergunto, as pessoas me dizem ?não compre esse porque não é compatível?, ?não compre aquele porque a durabilidade é pequena? ou ?não compre esse outro porque não vai suportar suas necessidades?. Isso confunde?, disse. Mesmo procurando auxílio em diversas lojas, ela ainda não encontrou segurança nas opiniões dos vendedores. ?Muitas vezes tenho que me informar sozinha?, explicou.
O problema da máquina x aplicação também foi enfrentado pelo veterinário Ricardo Tanck Lacerda. Dono de um notebook Acer há oito meses, ele disse que se bateu muito na hora da compra. Mesmo com a orientação dos vendedores, ele admite que a configuração escolhida foi um pouco acima de suas necessidades. ?Certas coisas, como o gravador de DVD, por exemplo, eu ainda nem usei. Mas para o resto, planilha de cálculo, apresentação de trabalhos e acesso à internet, está perfeito?, disse.
Além disso, a opção de adquirir o equipamento no Paraguai também foi considerada pelo médico. ?Pensei em comprar lá, mas o valor investido e o problema de não ter nota e garantia me deixaram com medo. Optei então pela compra no Brasil em uma loja especializada. Consegui parcelamento em seis vezes sem juros?, disse.
Vendedor
Com experiência de cinco anos comercializando notebooks, o vendedor Carlos Max Hoffmann, da loja Central do Notebook, em Curitiba, afirmou que a primeira coisa a ser considerada pelo consumidor é a facilidade de assistência técnica. Para ele, o vínculo com quem vende ainda é importante no setor. ?Muita gente compra o equipamento com um vendedor que só entrega. Aí, na hora de obter algum auxílio, só resta o manual e o 0800, onde te mandam ler o manual?, brincou. Comprando o notebook para a filha, a dona de casa Neusa Ragonetti já pedia instruções de como proceder caso o equipamento desse problema. ?Vocês resolvem??, questionou.
Outro fator importante, destacado por Carlos, é a confiabilidade da loja. ?Hoje há vários lugares que comercializam alguns lotes e fecham, migram e abrem em outro lugar com outro nome. Sem confiança, pode haver calote?, explicou.
Outra dica dada por ele é com relação às configurações básicas de acordo com a utilização. Para isso, a pesquisa antes de chegar até a loja é fundamental. ?Se você é um engenheiro vai precisar de uma placa de vídeo melhor para executar um programa como o AutoCad (utilizado para a elaboração de projetos em três dimensões), por exemplo. Agora se for um advogado, um sistema que rode o processador de textos e acesso à internet já é suficiente?, disse.
Windows
Apesar da expansão do Linux, hoje a maioria das máquinas vendidas no Brasil é equipada com o sistema operacional da Microsoft. Mas, segundo Carlos, a última versão lançada requer alguns cuidados na elaboração do sistema. ?Se o computador vem equipado com o Windows Vista, é melhor optar por 1 Gb de memória RAM. Se vier com menos que isso, o computador vai ficar muito lento?, afirmou.
Empresa aposta no equilíbrio
Foto: Divulgação |
O W98 sai por R$ 3.499. |
Líder na venda de computadores no Brasil, a paranaense Positivo Informática também observou um aumento na venda de notebooks este ano. Segundo a empresa, os equipamentos portáteis já correspondem a 15% das vendas no País.
De acordo com o diretor de marketing da Positivo Informática, César Aymoré, faz parte do DNA do grupo facilitar a linguagem para facilitar a vida do consumidor na hora da compra. ?A gente trabalha muito com treinamento em loja e material de ponto de venda para esclarecer da melhor forma possível o que o cliente está comprando?, disse.
Outro ponto importante, a escolha da configuração da máquina, também é abordado pelos promotores de vendas da empresa. ?Hoje, o grande desafio é tentar entender a utilização que o consumidor faz dessa máquina e não dar a ele algo mais potente que será subutilizado?, explicou.
A questão dos processadores, segundo César, também é um ponto crucial para o comprador. ?Nós trabalhamos com a Intel, então o Celeron é para o consumidor doméstico e o Core 2 Duo para o usuário mais avançado e já teve um contato com a informática em casa ou no trabalho?, afirmou. ?A questão da portabilidade também é importante. Se o comprador viajar muito é melhor comprar um equipamento menor.? A assistência da empresa, segundo ele, é feita em 403 autorizadas pelo País.
De acordo com o diretor, a Positivo Informática conta com diversas opções para o consumidor. A mais barata delas é o modelo V52, com uma configuração básica equipada com Linux e que custa R$ 1.699. Já o topo de linha, o modelo W98, vem com o processador Core 2 Duo e Windows Vista Home Premium, custando R$ 3.499.
Paraguai só vale para laptops mais caros
Tentação para muitos devido aos preços mais atraentes, a opção de trazer o notebook do Paraguai pode ser feita de forma legalizada. De acordo com a Receita Federal (RF), a opção pela declaração das compras no país vizinho tem sido cada vez mais utilizada pelos brasileiros.
Segundo a assessora de imprensa da delegacia da RF em Foz do Iguaçu, Cristiane Larcher, o imposto cobrado é de 50% sobre o que exceder a cota terrestre para quem viaja ao Paraguai, que é de US$ 300 a cada 30 dias. ?Muitas das lojas sérias já têm a declaração de bagagem acompanhada à disposição dos seus clientes assim que efetuam a compra?, disse.
A opção pela declaração aumentou depois da instalação da nova aduana na fronteira. Antes, segundo dados fornecidos por Cristiane, a média durante os dias de semana era de 1.200 declarações, com 3.500 aos sábados. Hoje, a média subiu para 3.500 pessoas que declaram sua bagagem nos dias de semana e até 8 mil aos sábados.
No cálculo feito pelo O Estado, a opção legalizada só vale a pena para equipamentos de alto custo. Em uma simulação com um notebook Acer modelo 5100-5328 adquirido no Paraguai, o preço final com impostos chega a R$ 2.600. Vale lembrar que o valor não inclui o transporte. No site de busca de preços Buscapé, que procura por equipamentos vendidos no Brasil, o mesmo computador pode ser encontrado por R$ 2.290.
Já no caso de um notebook Sony modelo BX660PS2 trazido do Paraguai, o preço fica em R$ 3.920. Já no Buscapé, o valor mínimo encontrado foi de R$ 4.829.