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Homem observa parede que caiu após um grande tremor de terra
em Caraíbas, no interior de Minas Gerais, em 2007. O abalo
sísmico provocou a morte de
 uma menina de cinco anos.

O Brasil não está livre dos abalos sísmicos. No entanto, entre nós, as suas origens têm provocado divergências entre os técnicos. A idéia defendida, no início do século passado, por alguns especialistas, entre eles o geógrafo e militar Alípio Gama (1863-1935), de que os tremores de terra registrados são resultados de acomodações das camadas do subsolo, tem sido combatida por alguns especialistas. Para melhor conhecer suas causas, já se deveria ter iniciado um estudo integrado geofísico-geológico que permitisse o pleno conhecimento das causas dos terremotos e as suas possíveis conseqüências, como foi recomendado, em 1968, durante os terremotos que atingiram diversas cidades do Nordeste, pelo geólogo Othon Leonardos (1899-1977) e, mais recentemente, pelo geofísico Sérgio Luiz Fontes, atual diretor do Observatório Nacional, da criação de uma rede sismológica em todo o território brasileiro.

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A primeira ocorrência de terremotos no Brasil deu-se em 1560, em São Paulo, como está registrado no livro de Simão Vasconcellos intitulado Chronica da Companhia de Jesus do Estado do Brasil (1865). No entanto, a freqüência dessas ocorrências não é muito grande. Segundo Arrojado Lisboa (1872-1932), quatro são as regiões mais freqüentemente afetadas por tremores de terra no Brasil. Uma das primeiras é a cidade de Bom Sucesso, em Minas Gerais, como se pode verificar estudando uma monografia de Nélson Coelho de Senna (1876-1952), intitulada Existem Vulcões no Brasil Continental? na qual se encontram os principais relatos de abalos sísmicos registrados em Minas Gerais. Os artigos de Nélson de Senna foram publicados no Anuário de Minas Gerais entre os anos de 1906 e 1907. A segunda região indicada por Lisboa é a região do Rio de Janeiro, cujo registro mais antigo indica ocorrência em junho de 1861, na cidade de Parati e em Areias. A terceira é a região de Aracati-Assu, no Ceará e no Rio Grande do Norte. O mais antigo registro nessa região está relatado por Thomaz Pompeo de Souza Brasil (1818-1877), no Dicionário topográfico e estatístico da província do Ceará (1861), como tendo ocorrido em 8 de agosto de 1807, nas seguintes cidades: Jaguaribe, Fortaleza, Icó, Mossoró e Serra do Martins. A quarta e última região é uma zona do sudeste de Mato Grosso. O mais antigo registro de abalo nessa região data de 24 de setembro de 1744, quando a terra tremeu em Cuiabá, provocando, um enorme alarme, como está citado na Corografia Brazi1ica ou relação histórico-geográfica do Reino do Brasil (1817), de Manuel Aires Cazal.

O terremoto de 9 de maio de 1886, sentido em Petrópolis, às 3h20, durante quatro segundos, foi relatado pelo imperador d. Pedro II à Academia de Ciências de Paris. Uma curiosa história foi a relatada em 1838, por P. Daussy, na Academia de Ciências de Paris. Após relatar um abalo registrado na costa do Nordeste do Brasil, o pesquisador francês levantou a hipótese da existência de um provável vulcão submarino situado entre as latitudes Sul de zero grau e 20 minutos e a longitude Oeste de 22 graus. Desde os meados do século XIX e no início deste século passado, o problema sismológico preocupou muito os pesquisadores brasileiros, assim como alguns franceses.

Ronaldo Rogério de Freitas Mourão (www.ronaldomourao.com) é astrônomo, autor de mais de 85 livros, dentre eles Nas fronteiras da intolerância.

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