Segurança. Seja com patrimônio, seja com funcionários, seja com produtos, sempre foi um fator que despertou grandes preocupações em qualquer empresa. Atualmente, a utilização em larga escala da internet, facilitada pela popularização das redes sem fio, está elevando o risco de algum vírus ou hacker disposto a invadir uma rede ou sistema apenas por diversão, pararem por dias a produção de quem não está bem protegido.
E se engana quem acha que o Brasil, por ainda engatinhar nos investimentos em tecnologia, está fora dessa realidade. De acordo com a Polícia Federal, de cada dez hackers ativos no mundo, oito vivem no Brasil. Os crimes bancários e financeiros através da internet corresponderam a 40,13% de todos os registros feitos pelo Centro de Estudos, Resposta e Tratamento de Segurança no Brasil (Cert.br) em 2005. Esse número, que representa um aumento de 579% em relação ao ano anterior, coloca as fraudes em primeiro lugar entre os tipos de ataques mais freqüentes, deixando scans (varreduras) em segundo, com 33%, e worms em terceiro, com 25%.
Marcos Cunha: ?Terceirização?. |
De olho no milionário mercado de segurança de rede, a Siemens inaugurou, na última semana, o seu segundo centro de monitoramento remoto para segurança de rede (Security Network Operation, ou SOC). O objetivo da unidade é oferecer serviços de monitoramento e prevenção contra invasões em redes de dados, entre outros crimes digitais. É o segundo centro desses no mundo. O outro fica na Inglaterra. A idéia da multinacional é prover os clientes com uma convergência total de segurança, indo desde as atualizações dos softwares e antivírus, até a instalação de firewalls e monitoramento total da rede contra ataques de invasores.
?O objetivo é prestar um serviço essencial para empresas que não têm como natureza a tecnologia, mas nem por isso estão menos propensas a ataques?, explica o diretor de telecomunicações da Siemens, Marcos Cunha. ?Mesmo uma grande empresa de alimentos precisa manter a integridade de seus dados. E para companhias desse segmento, por exemplo, não é interessante manter uma equipe inteira de TI. Terceirizando a segurança de sua rede, elas podem se concentrar melhor em ganhar dinheiro fazendo o que sabem?, afirma.
A tendência mundial é de que os serviços sem-fio sejam propulsores da próxima fase de crescimento da internet. Juntamente com o VoIP, o wi-fi (wireless fidelity) é a tecnologia que vem ganhando espaço entre usuários domésticos e principalmente empresariais, que contudo é mais suscetível a invasões. ?Como a Siemens é uma das pioneiras na introdução dessas tecnologias no Brasil, está mais qualificada para oferecer proteção?, analisa Cunha. Segundo o executivo, a empresa tem capacidade para gerenciar sem interrupção toda a infra-estrutura de redes e de telecom de seus clientes. ?Com os novos perfis de crimes digitais é preciso estabelecer novas políticas de segurança que contemple também a ação preventiva?, afirma.
Para ampliar a prestação de serviços de segurança, prestados via SOC, a Siemens abriu todo um departamento no prédio da empresa na Lapa, em São Paulo, destinado ao serviço que parece tirado de um filme de ficção científica. O acesso é restrito apenas aos 50 engenheiros e especialistas e para entrar nas instalações é preciso passar por identificação biométrica. Mesmo a lista de clientes é sigilosa. E para não ter que começar do zero, a empresa firmou parceria com a Etek, empresa especializada em serviços gerenciados de segurança que funciona desde 1979.
Contudo, a Siemens não é pioneira no monitoramento de segurança e terá que batalhar por clientes com outras gigantes do setor como a Embratel, que já inauguraram serviços semelhantes há mais tempo. Segundo o vice-presidente da Siemens no Brasil, Aluízio Byrro, a faixa de companhias com perfil para serem clientes é as que destinam de R$ 5 a 10 milhões por ano com tecnologia, o que afunila as possibilidades. ?Nosso objetivo não é brigar pelos clientes e sim ir atrás de quem não está protegido e que irá gastar muito para fazer por conta própria?, explica o vice-presidente.
O repórter Diogo Dreyer viajou a São Paulo a convite da Siemens.