São Paulo – Um estudo de sete anos em 40 portadores de HIV indica que o vírus causador da aids pode resistir à ação das drogas anti-retrovirais por mais tempo do que se imaginava. A sobrevivência se daria porque o HIV conseguiria se esconder em compartimentos celulares, evitando ser atingido pelos medicamentos.
A descoberta sugere que novas terapias são necessárias para atingir o vírus nesses abrigos. O trabalho, feito nos Estados Unidos, foi publicado na semana passada no site e em breve na edição impressa da revista Proceedings of the National Academy of Sciences (Pnas).
Pesquisas anteriores verificaram que pacientes costumam exibir um grande declínio em seus níveis virais após receber tratamentos-padrão para supressão da infecção, de cerca de 40 semanas. No novo estudo, Sarah Palmer, do Instituto Nacional do Câncer, e colegas descobriram que as infecções persistem, em nível reduzido, por pelo menos sete anos. ?Medir o nível de persistência da viremia após sete anos em pacientes submetidos a terapia supressiva oferece uma oportunidade única para examinar as dinâmicas da viremia de baixo nível em pacientes que respondem ao tratamento?, descreveram os autores.
Na análise feita, os autores verificaram que quando o número de partículas do vírus por milímetro caiu abaixo de 50 o limite de detecção-padrão a infecção ainda estava presente em níveis baixos em 77% dos pacientes. Todos os voluntários testaram positivamente para a infecção pelo menos uma vez durante o estudo.
Os pesquisadores destacam que, apesar de os resultados evidenciarem que a terapia anti-retroviral potente possa suprimir a infecção por HIV em níveis quase não identificáveis, ela não erradica o vírus. Para eles, o estudo ressalta a importância de identificar as células que abrigam o vírus e permitem que ele sobreviva no organismo.