O cérebro em perspectiva

A história da estatística moderna, a descoberta da perspectiva pelos desenhistas e o fluxo lúdico produzido pelos malabaristas com suas bolas coloridas se misturaram ao longo do processo de criação de uma metodologia que se mostra capaz de estudar a interação cerebral de forma simultânea e direta.

?Os processos que ocorrem no cérebro, entre os neurônios, são não-lineares. Como a matemática, que seria a melhor linguagem para estudar as interações cerebrais, não engloba a não-linearidade, resolvemos desenvolver uma ferramenta computacional que nos permite explicar o fenômeno da causalidade presente entre os neurônios?, disse Koichi Sameshima, da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.

Se a história da estatística entra no processo de formação da metodologia por causa dos trabalhos de dois ingleses, o matemático Karl Person (1857-1936) e o geneticista e estatístico Ronald Fisher (1890-1962), que passaram a discutir a causalidade, a criação da perspectiva no século 15 tem um lado mais abrangente.

Para Sameshima, um dos mentores intelectuais título que ele prefere modestamente recusar da criação do Instituto Internacional de Neurociência de Natal, essa visão de que os neurônios funcionam com base em processos não-lineares precisa ainda ser mais sedimentada. ?O processo linear é simples de entender. Peguemos os corpos A, B e C. Se o primeiro empurra o segundo, que empurra o terceiro, existe uma relação linear?, explicou. ?O problema é que se corre o risco de identificar apenas A e C, que participaram do início e do fim desse processo da causa e efeito. Mas e o B, que estava no meio??

Como o processo da causalidade é difícil de ser provado por um experimento, apesar de ele estar lá, os pesquisadores da USP desenvolveram o instrumento que chamam de Coerência Parcial Direcionada. ?As análises realizadas em computador nada mais são do que experimentos. Por isso temos que incorporar nelas a causalidade?, disse o cientista.

O lado lúdico dos malabaristas e Sameshima chegou a arriscar um pequeno número circense em sua apresentação em Natal está relacionado com aquele que parece surgir como um novo paradigma da neurociência: a necessidade de uma visão cada vez mais holística do cérebro humano, onde o fluxo informacional segue os mais complexos caminhos.

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