Novo olhar sobre a esquizofrenia

São Paulo – Um estudo que acaba de ser divulgado nos Estados Unidos aponta que problemas na massa branca cerebral podem dar uma contribuição decisiva à manifestação da esquizofrenia, doença que afeta cerca de 1% da população mundial.

O estudo demonstra também como dois dos cerca de 12 genes ligados à esquizofrenia atuam no desenvolvimento da doença. Estudos anteriores haviam ligado a esquizofrenia aos genes para a neuregulina 1 (NRG1), uma proteína envolvida com o desenvolvimento cerebral, e para o erbB4, um receptor das células cerebrais pelo qual a NRG1 exerce sua ação. Mas, até agora, não havia sido demonstrado quais alterações nesses genes levariam a problemas psiquiátricos.

Utilizando camundongos, pesquisadores do Programa de Neurobiologia do Hospital Infantil de Boston demonstraram que alterações na dupla NRG1-erbB induzem a mudanças patológicas na massa branca cerebral. Eles mostraram ainda que tais mudanças levam a alterações em sinais bioquímicos e em comportamentos que sugerem doença mental.

?Mostramos que causar um defeito na massa branca é suficiente para levar a mudanças bioquímicas e comportamentais semelhantes àquelas observadas em doenças neuropsiquiátricas. Acho que a descoberta proporcionará uma nova maneira de pensar sobre as causas da esquizofrenia e de desenvolver terapias?, disse Gabriel Corfas, autor principal do estudo. Segundo ele, a descoberta também deverá ter implicações para a compreensão do transtorno bipolar, que também tem ligação com a NRG1 e envolve problemas na massa branca.

Para os autores do estudo, é preciso agora investigar a possibilidade de modificar, com medicamentos, a sinalização de NRB1-erbB, ou proteger os oligodendrócitos (e a massa branca) para tratar e prevenir a esquizofrenia. ?Há grupos tentando criar meios de reparação da massa branca para tratar a esclerose múltipla, que também é uma doença da massa branca. Essa mesma pesquisa poderá ser usada para os distúrbios neuropsiquiátricos?, afirmaram.

A esquizofrenia é tipicamente diagnosticada no fim da adolescência ou no início da fase adulta, mas é quase sempre precedida por problemas sutis afetivos, cognitivos ou motores. ?Precisamos descobrir se os problemas na massa branca acontecem cedo, antes dos sintomas psicóticos se tornarem evidentes. Se for o caso, haverá possibilidade de diagnóstico precoce e tratamento preventivo?, disse Corfas.

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