Nove fatores. A grande maioria dos ataques do coração pode ser prevista por nove fatores, muito fáceis de serem medidos e que são os mesmos para praticamente todos os habitantes do planeta, não importando a região ou grupo étnico ao qual pertençam.
A conclusão é de uma pesquisa feita por instituições canadenses com 29 mil pessoas, em 52 países. O grande estudo, chamado de Interheart, foi apresentado durante a semana, em conferência da Sociedade Européia de Cardiologia, na Alemanha, por Salim Yusuf, da Universidade McMaster, no Canadá, que coordenou o trabalho. Os resultados serão publicados na edição do próximo sábado da revista The Lancet.
Os pesquisadores verificaram que os dois mais importantes fatores de risco são o fumo e uma proporção anormal de lipídios sangüíneos (apolipoproteína B/apolipoproteína A1), que juntos representam dois terços do risco global de infartos. Os outros fatores são: pressão alta; diabetes; obesidade; estresse; baixo consumo de frutas e vegetais; falta de exercícios físicos. O nono ponto encontrado foi o do consumo regular de pequenas doses de álcool, hábito considerado pelo estudo como “modestamente protetivo”.
Em todo o mundo, esses nove fatores somados correspondem a mais de 90% dos riscos de ataques do coração, segundo a pesquisa. O estudo, um dos mais abrangentes já feitos, envolveu dois grupos: o primeiro com 15.152 indivíduos que tiveram o primeiro infarto e o segundo com 14.820 outros sem problemas cardíacos. Para cada pessoa do primeiro grupo, foi escolhida outra do segundo com mesma idade e gênero e que morava na mesma cidade no momento da pesquisa.
Segundo os envolvidos, trata-se do primeiro estudo de grande dimensão feito para examinar se os fatores de risco para infartos teriam um impacto similar ou não em grupos diferentes ao redor do mundo. A pesquisa incluiu 7 mil europeus ou descendentes, 2 mil latino-americanos, 6 mil chineses, 6 mil representantes de outros países asiáticos, 3,5 mil árabes e 1,4 mil africanos.