Nem tanto a natureza, nem tanto a sociedade. Uma das maiores façanhas do naturalista alemão Alexander von Humboldt (1769-1859) em sua única passagem pelas Américas teria sido observar, e entender com precisão, a relação entre o ser humano e o ambiente que o cercava.
Em artigo publicado na edição de junho dos Anais da Academia Brasileira de Ciências, Gerd Kohlhepp, pesquisador do Centro de Estudos Latino-Americanos do Instituto de Geografia da Universidade de Tübingen, na Alemanha, lança um novo foco sobre uma viagem histórica. A expedição ocorreu entre 1799 e 1804.
Humboldt, ao lado do francês Aimé Bonpland, viajou por Venezuela, Cuba, Colômbia, Equador, Peru e México. Não esteve no Brasil, apenas em alguns trechos da fronteira amazônica, porque os portugueses não deixaram. Nos países visitados ainda havia o domínio espanhol e a produção era baseada no trabalho escravo.
“Entramos na era de abençoar a liberdade e a independência do Novo Continente”, disse Humboldt em uma carta ao amigo Simon Bolívar, datada de 29 de julho de 1822, meses antes da Independência do Brasil. Segundo o artigo agora publicado, o naturalista se impressionou principalmente com a estrutura econômica dos países que ele visitou. E isso teria causado duras e importantes críticas na volta para a Europa.
Astronomia, matemática, física, meteorologia, climatologia, oceanografia, química, farmácia, botânica, zoologia, geologia, mineralogia, vulcanologia, arqueologia, história, sociologia, agronomia, etologia e medicina. “Apesar disso tudo, é no campo da geografia que os estudos de Humboldt tiveram o maior impacto”, defende Kohlhepp. O autor lembra que no início do século 19 nem havia as subdivisões da disciplina geografia como hoje.