Brasília – As emissoras de rádios serão as últimas a serem digitalizadas no Brasil, depois da telefonia fixa e celular, da TV e de outras tecnologias. Por isso o governo, os radiofusores e a indústria querem definir ainda este ano o padrão da rádio digital. A digitalização é a última esperança da indústria nacional voltar a crescer. Nos últimos dez anos, o setor sofreu uma drástica queda, chegando a correr o risco de ir à falência. Isto também vem ocorrendo com as estações de rádio, principalmente as pequenas, que perdem espaço gradativamente para as novas mídias, como a internet.
"Quem vai ser mais beneficiado será o consumidor, o ouvinte, que vai receber um som perfeito em qualquer parte do Brasil. Ele ainda vai ter acesso a equipamentos melhores e com preços mais baratos", afirmou o ministro das Comunicações, Hélio Costa.
A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) vai apresentar ao ministério um relatório com o resultado de testes em 16 rádios, que estão sendo realizados há dois anos em todo o país. O ministério vai unificar as propostas de todos os participantes do Conselho da Rádio Digital, como os radifusores, indústria, Anatel, movimentos sociais, entre outros. Depois irá preparar um relatório para levar à Casa Civil e ao comitê de ministros. Estes, por sua vez, apresentarão um novo relatório ao Presidente da República.
Na última reunião, realizada na quarta-feira (01/08), foi discutido que o padrão a ser escolhido deve levar em conta a compatibilidade dos atuais equipamentos analógicos com os digitais. Assim o consumidor não precisará comprar um novo aparelho. Para ouvir o som com qualidade digital basta comprar um conversor que deverá custar em torno de RS 10,00.
A digitalização vai permitir que o som da FM seja igual ao CD; a AM ficará como a atual FM; e nas OC (Ondas Curtas) vão acabar de vez os chiados. Os padrões apresentados, até agora, não atendem simultaneamente a esses três meios de transmissão existentes no país. Por isso, a opção deve ser a adoção de um modelo híbrido, como aconteceu com a TV digital, onde o sistema europeu ficou na TV a cabo e o padrão nipo-brasileiro na transmissão aberta e gratuita.
O ministro também destacou a importância das rádios comunitárias participarem do processo de digitalização. Ele defendeu que seja disponibilizada uma linha de financiamento especial pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para as rádios comunitárias e para os pequenos e médios radiodifusores.