Mineiros estudam biodiesel de café

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O estudo da UFMG está
utilizandos grãos defeituosos.

Levar o café da xícara para o carro. É o que pretendem pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), que estão estudando a utilização do grão de café como biodiesel – combustível feito à base de óleos vegetais e álcool de cana-de-açúcar. Os trabalhos começaram há três anos e já identificaram que a matéria-prima é eficiente. A intenção agora é testar o produto no motor dos carros.

Os pesquisadores iniciaram os trabalhos com o objetivo de encontrar uma finalidade aos grãos classificados como defeituosos. Segundo o professor do Departamento de Engenharia Química da UFMG, Leandro Soares de Oliveira, havia uma expectativa do setor de se melhorar a qualidade do café consumido no Brasil. Ele explica que toda a produção precisa ser selecionada, pois existem grãos que fermentam no pé ou no processamento, ou são colhidos antes da maturação. Só em Minas Gerais esse tipo de grão representa 20% da produção. Como os países importadores só aceitam grão de qualidade, os produtos com defeito acabam sendo consumidos internamente.

"Foi então que surgiu a proposta de testar o biodiesel", comentou Oliveira. Segundo o pesquisador, de cada 100 quilos de café é possível extrair 12 quilos de óleo e, desses 12 quilos, 9% são convertidos em biodiesel. O processo de transformação é feito do óleo com álcool (metanol ou etanol), utilizando um catalisador para a reação. O resultado é a obtenção do biodiesel e glicerina. Leandro Soares de Oliveira afirma que o resultado é viável e apresenta excelentes condições de aplicabilidade. Ele destaca que agora os pesquisadores esperam conseguir apoio para a produção em grande escala e colocar o material para rodar em veículos.

Longo prazo

O Brasil é líder mundial na produção de café. A safra de 2004 foi superior a 47 milhões de sacas – Minas Gerais é responsável por 50% da produção. Em segundo lugar vem o Vietnã, com uma produção de 14 milhões de sacas, o mesmo número do consumo interno do Brasil. O professor da UFMG afirma que a intenção dos pesquisadores não é concorrer com produtos como a soja e a mamona, que também são utilizados como biocombustíveis. "Nossa proposta é dar um destino para os grãos defeituosos", falou. Ele destaca que os biodieseis estão ganhando cada vez mais destaque porque atendem as exigências das legislações ambientais em todo o mundo, que visam reduzir as emissões de poluição.

A mistura de 20% de biodiesel no diesel, afirma, reduz a emissão de poluentes em geral, como por exemplo, diminui em mais de 30% a emissão de CO2, elimina a produção de monóxido de carbono, e o desempenho do motor é similar ao do diesel. "E o mais importante, é uma fonte renovável", falou Oliveira. Mas apesar de todas as vantagens, o pesquisador da UFMG acredita que nem nos próximos 30 anos será possível substituir o diesel de petróleo por biodiesel. "Tanto pelo custo quanto pela produção desses produtos, que poderiam ter sua finalidade invertida", finalizou.

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