As florestas que ainda restam no planeta têm sido tratas como a única salvação contra o aquecimento global. Graças à fotossíntese, os vegetais “sequestram carbono” do ar e o substituem por oxigênio. E o dióxido de carbono (CO2) é o gás responsável pelo efeito estufa. Mas uma pesquisa recente revela que, a partir de determinada quantidade de dióxido de carbono no ar, as plantas podem contribuir para acelerar o aquecimento global ao invés de freá-lo.
Funciona assim: quando existe muito carbono no ar, os vegetais ativam uma espécie de mecanismo. Suas folhas retêm mais água, uma água que seria liberada por evaporação e ajudaria a resfriar a atmosfera. Com o ar contendo mais CO2 do que o nível normal, os poros das folhas não precisam abrir tanto quanto antes para capturar a mesma quantidade, para a respiração. Com os poros mais fechados, menos água é liberada.
O estudo calcula que essa não-liberação do excedente de água pelos vegetais seria responsável por 16% do aquecimento (o resto é atribuído ao efeito estufa), embora alguns modelos climáticos contestem esse número.
De qualquer modo, a origem da situação, que precisa ser combatida, é a mesma: a emissão excessiva de dióxido de carbono. Ela causa o efeito estufa, como já se sabia, e é também a vilã na descoberta desse novo problema.
Lugares Úmidos
Pouco se sabe que os efeitos da elevação de temperatura serão mais sentidos nos locais com alta umidade do ar.
A teoria, explicada na edição de hoje em uma revista especializada dos EUA, fala sobre a temperatura de bulbo-úmido. Esse conceito é usado na física, mas seu efeito para as pessoas, basicamente, é um limite suportável. É quando o clima atinge um ponto em que uma pessoa teria hipertermia, mesmo estando sem roupas, na sombra, e molhando-se parada em frente a um ventilador. Enfim, é um estado de temperatura e umidade no qual é inevitável que o corpo super aqueça.
Por enquanto nenhum lugar na Terra chegou a esse estado. Isso porque os locais de maior temperatura tem umidade baixa, ou pelo menos, baixa o suficiente. O litoral da Arábia Saudita – explica o artigo – é o local mais próximo desse patamar, atualmente. As condições lá são sufocantes e quase insuportáveis, principalmente para quem não está acostumado.
Por isso o medo de que as temperaturas subam. Segundo os cientistas, um acréscimo de 7º C na temperatura média já seria suficiente para atingir o “bulbo-úmido” em alguns lugares. É claro que a temperatura não se eleva em sete graus da noite para o dia, mas o artigo prevê que esses problemas podem começar já no próximo século. Quando acontecer, o local se tornará inabitável.
Há muita divergência numérica quando se fala de previsões. Não se pode precisar em quanto tempo a temperatura da Terra subirá tantos graus.
Como nem sempre é fácil estabelecer metas para reduzir a emissão de gases e combater o efeito estufa, os cientistas já pensam em como combater o calor que virá: “Poderíamos viver em um mundo onde houvesse um ar condicionado dentro de qualquer lugar fechado, o que em tese resolveria o problema. Mas um ar-condicionado é caro. Assim, não é difícil imaginar que as populações do terceiro mundo arcariam com o peso dos impactos do aquecimento global”.
Fonte: Até as plantas podem agravar o aquecimento global
Fonte:Habitantes de locais úmidos sofrerão mais com o aquecimento global