Macintosh agora roda Windows

O novo iMac, que acaba de chegar ao Brasil, começa uma nova era no mundo Apple. Além de ser o primeiro Macintosh com processador Intel, ou seja, com "coração" de PC, ele acaba com a rivalidade histórica entre Apple e Microsoft: permite que você instale e use o sistema operacional Windows. Vale lembrar que a recíproca não é verdadeira, ou seja, oficialmente, o sistema operacional OS X continua sendo exclusivo da plataforma Mac – você até consegue instalá-lo num PC, mas não é nada fácil (osx86project.org). O novo iMac não vem com o Windows, que deve ser comprado separadamente.

Graças a seu chip Intel Core Duo, que tem dois núcleos de processamento de 2 GHz, o iMac roda muito bem o Windows. Mas, antes de entrar nos detalhes, é preciso encarar uma pergunta: qual a serventia de instalar o sistema operacional da Microsoft num computador da Apple? Afinal, hoje em dia, a grande maioria dos programas tem versão para Mac OS X. Além disso, o OS X é muito mais seguro – quase imune a vírus, spyware (programas parasitas) e outras pragas que assolam a Microsoft.

Então, por que instalar o Windows? A resposta é simples: games. Mesmo nos EUA, há muito menos jogos para Mac e, no Brasil eles são dificílimos de encontrar. Com o Windows XP, mesmo quem tem Macintosh pode se divertir com os jogos mais recentes – e, como o sistema Apple permanece na máquina, continuar usando o OS X para as demais tarefas, como navegar na internet, ouvir música escrever textos, etc.

Para começar, é preciso atualizar o firmware (software embutido na placa-mãe) do iMac Intel, baixando e executando o arquivo que está em www.apple.com/support/downloads. Aí, depois de reiniciar a máquina, você baixa, instala e roda o programa Boot Camp, que é grátis e faz a instalação do Windows (www.apple com/macosx/bootcamp).

Você define que espaço quer dar para o Windows, e o Boot Camp "reparticiona" o disco rígido, reduzindo a área reservada ao OS X. É preciso ter pelo menos 10 gigabytes (GB) de espaço livre.

O "reparticionamento" é automático, não destrói os dados contidos no disco rígido e é bem rápido: o Boot Camp levou apenas dois minutos para fazer a redistribuição.

Escolha bem o espaço do Windows – feita a instalação, ele não pode ser alterado. Nos testes, foram alocados 40 GB para o Windows, um nível bem razoável (sobraram 200 gigabytes para o OS X).

O Boot Camp também grava um CD com os drivers, aqueles programinhas adaptadores necessários para que o Windows XP reconheça as peças do computador. Depois disso, ele reinicia o Mac, que entra na tela de instalação do Windows XP.

É preciso ter um CD de instalação com o Service Pack 2, e não é permitido usar o Windows que você talvez já possua.

A instalação é tranqüila. Quando o Mac carrega o Windows pela primeira vez, você insere o CD de drivers e roda o arquivo EXE contido nele – aí, o sistema instala todos os drivers.

Para escolher qual sistema você quer usar, é só manter pressionada a tecla Option ao ligar o Mac.

No site da Apple, alguns usuários se queixam de que, após a instalação do Boot Camp, o OS X foi destruído (sobrou só o Windows). Nos testes da reportagem, não houve qualquer problema – mas, vale lembrar, o Boot Camp ainda está em desenvolvimento (versão beta). No ano que vem, quando ele estiver pronto, será incorporado à próxima versão do OS X.

O Boot Camp não permite rodar Windows e Mac OS X ao mesmo tempo, ou seja, é preciso reiniciar o computador para trocar de sistema operacional – para driblar essa limitação, só instalando o novo programa Parallels Workstation.

Parece óbvio, mas não custa lembrar: essas novidades só rodam nos novos Macintosh – se você tem um modelo mais antigo, com processador PowerPC (para descobrir, clique em Maçã e About this Mac), nem o Boot Camp nem o Parallels vão funcionar.

Desempenho

O iMac roda muito bem o Windows. Todos os programas testados funcionaram e com velocidade total – parece que você está usando um PC. As únicas exceções foram a webcam embutida no iMac, que fica inoperante, e o toca-MP3 Samsung YP-T7J, que é um dos melhores tocadores para Windows – mas não foi reconhecido pelo Macintosh.

Outro problema bizarro é que, quando está rodando Windows, o iMac não se conecta direito a fones de ouvido: eles até funcionam, mas o computador não desliga os alto-falantes quando os fones são conectados (na prática, isso inviabiliza o uso de fones com o iMac). Em suma: a compatibilidade de software é total; a de hardware, nem tanto.

O OS X consegue ler os arquivos contidos no Windows, desde que você escolha a opção FAT32 durante a instalação, mas o Windows não enxerga a partição do Mac OS X – a não ser com o programa MacDisk (US$ 60; www.macdisk.com).

Mas e os games, como rodam? Nos testes, eles foram um pouco prejudicados pela placa de vídeo embutida no iMac, que não é das mais possantes (uma ATI Radeon X1600 com 128 megabytes de memória própria), mas o resultado foi aceitável. Com o jogo Quake 4, que tem gráficos muito sofisticados, a taxa de quadros por segundo (fps) ficou entre 28 e 60, ou seja, um nível bem tolerável – não apareceu aquele efeito de "câmera lenta", que indica falta de potência da placa de vídeo e acontece quando a "fps" cai abaixo de 25.

O megalançamento "The Godfather" também rodou bem, exceto por um detalhe: o mouse da Apple bloqueou alguns comandos (foi necessário reconfigurá-lo manualmente). "Star Wars – Empire at War" também funcionou perfeitamente, mas "King Kong" não: deu pau.

Os jogos foram ajustados pra rodar com resolução de 1024×768 pontos, anti-serrilhamento de 2x e (no Quake) nível de detalhes baixo. Quer dizer: o iMac roda bem jogos, mas não com todos os efeitos gráficos – se eles forem ativados, os games ficam lentos demais.

A placa de vídeo não pode ser trocada – como é comum no mundo dos PCs. Por isso, e considerando o alto preço do iMac, não faz muito sentido comprar um Macintosh só pra rodar games – com esse dinheiro, você leva um PC mais potente, e que aceita upgrades. Mesmo assim, a compatibilidade com Windows é um grande avanço, pois dá mais opção ao usuário e amplia os horizontes do Macintosh.

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