Há muito tempo que o grupo do Laboratório Multidisciplinar de Pesquisa em Doença de Chagas, da Universidade de Brasília (UnB), procurava por isso. A equipe de 32 pessoas liderada pelo professor Antônio Teixeira publicou os resultados de uma pesquisa na edição de julho da revista Cell, que abre um novo capítulo na busca de um possível, e ainda bem distante, tratamento para a Doença de Chagas. Os cientistas conseguiram comprovar que o genoma do hospedeiro infectado pelo Tripanosoma cruzi pode ser alterado pela incorporação do material genético do próprio parasita. “Isso provoca o crescimento do patrimônio genético do indivíduo, independente de ele desenvolver a doença ou não”, disse Teixeira.
Essa descoberta, entre outras funções, pode ajudar a explicar por que dois terços das pessoas infectadas pelo protozoário não apresentam qualquer conseqüência da infecção. “Essa interação entre os dois genomas ocorre em regiões de alta instabilidade genética em diversos cromossomos. Existe uma espécie de reorganização de todo o DNA”, explica Teixeira.