Pesquisas com o objetivo de obter solução segura para a destinação final do lodo formado após o tratamento de água estão sendo encabeçadas pela Sanepar (Companhia de Saneamento do Paraná), que faz parte da coordenação da rede nacional de pesquisa em saneamento básico. Estudos sobre o lodo de água começaram há três anos e uma das destinações que vêm sendo dada ao produto, segundo a diretora de Meio Ambiente da Sanepar, Maria Arlete Rosa, é a fabricação de tijolos.
Os estudos da Sanepar sobre o lodo de água devem trazer resultados mais efetivos em 2007, após uma série de análises das características da composição desse material, da relação entre a água do rio e o seu subproduto e da melhor alternativa para a sua destinação final. Atualmente estão sendo estudados três caminhos: a utilização como matéria-prima na construção civil, disposição controlada no solo ou em aterros sanitários. ?O lodo de água da Estação de Tratamento do Passaúna entra num processo de secagem e é utilizado como um dos componentes de tijolos e cerâmica?, afirma.
Os estudos que envolvem o uso na fabricação de materiais como tijolos e em concreto não-estrutural para uso na construção civil estão agora em fase de análises de resistência em ambientes agressivos – locais como o litoral ou estações de tratamento, em que há intensa ação química. O objetivo é avaliar qual a quantidade de material proveniente do lodo de água pode ser introduzido sem que sejam afetadas propriedades do concreto, como a resistência, ou que elas sejam afetadas positivamente. ?Essa tecnologia de disposição do lodo é inovadora e coloca a Sanepar como pioneira na área. Não existe uma tecnologia para destinação em nível internacional?, afirma Maria Arlete.
Segundo ela, o maior problema de passivo ambiental dos Termos de Ajuste de Conduta com órgãos de meio ambiente se refere à disposição final do lodo de água. ?Geralmente é colocado em aterro sanitário, ou jogado no rio, uma vez que esse material é retirado do próprio manancial?.
Maria Arlete explica que a composição do lodo consiste em barro e matéria orgânica, levada pelo assoreamento e que fica suspensa no rio. Para utilizá-lo na fabricação de tijolos, o lodo entra num processo de secagem por meio de centrífugas, a fim de que se torne mais denso. ?Depois disso, é doado para cerâmicas, em forma de barro. Acaba sendo mais barato reciclar o resíduo do que o colocar em aterros sanitários?, diz.
A Estação de Tratamento de Água do Passaúna é responsável por 25% do abastecimento de Curitiba e Região Metropolitana, enquanto que as estações do Iguaçu e do Iraí abastecem os restantes 75% da região. ?Na Estação do Iraí, estamos implantando o processo. Faltam alguns acertos técnicos, porém, até meados do ano que vem o lodo dessa estação deve estar tendo a mesma destinação que a do Passaúna?, afirma.
Lodo de esgoto
Segundo Maria Arlete, no tratamento de lodo de esgoto a Sanepar é referência nacional, estando na ponta da pesquisa sobre o uso dele na agricultura, que começou em 1988. ?É (o lodo) tratado, higienizado e acaba virando adubo?, diz. A empresa de saneamento segue uma normatização para garantir que o lodo esteja adequado e recebe a certificação da Empresa Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater).
Esse processo é usado no mundo inteiro, porém, segundo a Sanepar, não se trata simplesmente de se ver livre do lodo, mas sim de oferecer para o agricultor um adubo de boa qualidade, que traga economia e segurança, garantindo a sustentabilidade da produção final.