Quando a idade fértil passou e surge a vontade de ter filhos, a mulher pode optar pela reprodução assistida. Técnicas em laboratório oferecem a possibilidade de realizar o sonho de ser mãe. A opção por esse método se tornou mais comum do que se imagina, tanto pela decisão da mulher em engravidar mais tarde quanto nos casos em que há problemas físicos.
O primeiro bebê de proveta, criado por meio do método de fertilização in vitro, nasceu há mais de 30 anos. De lá para cá, houve diversos avanços, como a modificação dos medicamentos utilizados no tratamento, que passaram a ser geneticamente elaborados.
“Com os hormônios recombinantes, houve um melhor resultado, com embriões de melhor qualidade e uma taxa maior de implantação (no útero da mulher, após a fecundação do óvulo pelo espermatozoide, em laboratório)”, comenta o médico Francisco Furtado Filho, da Clínica Fertway Reprodução Humana.
Outra evolução que influencia na obtenção dos resultados atuais é a técnica que injeta o espermatozoide dentro do óvulo. Com este mecanismo, homens com uma contagem pequena de espermatozoides são favorecidos. “Hoje, você tem condição de pegar um único espermatozoide e introduzi-lo com uma agulha dentro do óvulo para a fecundação”, explica Furtado Filho.
Para o médico Karam Abou Saab, professor de Reprodução Humana da Universidade Federal do Paraná (UFPR), responsável pelo serviço de Reprodução Humana do Hospital de Clínicas (HC) e fundador do Centro Paranaense de Fertilidade, o grande destaque dos últimos tempos é a possibilidade de doação de óvulos.
Uma mulher que não consegue mais engravidar tem a opção de utilizar óvulos doados, que são fecundados com o espermatozoide do companheiro e colocados no útero dela mesma. Nestes casos, o filho geneticamente é do marido e gerado dentro do útero da esposa. Mas parte da carga genética é da mulher que doou o óvulo.
“Por isso, procura-se mulheres com características físicas próximas às da receptora, como cor da pele, dos olhos, do cabelo. Os óvulos vêm de mulheres mais jovens, que também estão em tratamento. Tudo acontece sob sigilo absoluto. Cada vez mais as mulheres aceitam esta técnica porque querem sentir a gravidez”, esclarece.
A maioria das gestações a partir dos 45 anos acontece por meio desse método. A doação de óvulos de uma outra mulher foi o que permitiu a gravidez de uma indiana de 70 anos. A notícia sobre o feito de Rajo Devi, que deu à luz uma menina, se espalhou pelo mundo no final do ano passado.
Injeção intracitoplasmática de espermatozoides: ocorre semelhantemente à anterior, no entanto, o espermatozoide é injetado dentro do óvulo com ajuda de uma
pipeta, por meio da micromanipulação.
Inseminação intrauterina: nesta técnica, os espermatozoides são manipulados em laboratório e colocados dentro do útero. A fertilização ocorre dentro das trompas da mulher.
Fertilização in vitro: é o conhecido bebê de proveta. Nesse caso, a fecundação é feita fora do corpo da mulher, em laboratório. O espermatozoide entra espontaneamente dentro do óvulo e, posteriormente, os embriões são transferidos para o útero.
Para ter filhos mais tarde
Mulheres entre 35 e 45 anos podem congelar seus óvulos para uma gravidez posterior, realizada por meio da reprodução assistida. Isso é recomendado para quem ainda não possui uma perspectiva de gravidez. Quando decidir ter um filho, a mulher poderá utilizar os seus próprios óvulos. “Quanto mais jovem ela fizer isso, melhor será a qual,idade dos óvulos”, descreve o médico Karam Abou Saab. A técnica de congelamento dos óvulos também pode ser aplicada para as mulheres que precisam passar por tratamentos de quimioterapia e radioterapia, que podem prejudicar a fertilidade. Antes de se submeter ao tratamento, a mulher passa pela retirada dos óvulos. “Esta é uma rotina bastante usada”, afirma Saab.
Quantidade limitada
A escolha dos embriões e a quantidade a ser implantada na mulher também são fatores que sofreram avanços nos últimos anos. O médico Francisco Furtado Filho conta que, com biópsias pré-implantacionais, é possível fazer o diagnóstico de doenças como síndrome de Down e outras enfermidades causadas por alterações cromossômicas. O médico Karam Abou Saab destaca ainda que outra preocupação é a quantidade de embriões a serem implantados no útero.
“Podem ser transferidos até quatro embriões e era comum colocar o limite. Mas com a evolução de todo o processo, este número se tornou exagerado, além
do excesso de nascimento de gêmeos e trigêmeos. Hoje, é possível selecionar os melhores embriões e transferir dois ou três. Se selecionar bem, basta colocar um”, revela.