Júpiter, planeta tempestade

Foto: Divulgação/Nasa

Imagens do telescópio espacial Hubble (luz infra-vermelha, acima, e luz normal, abaixo) mostram as grandes extensões das tempestades que se formam em Júpiter, caracterizadas nas fotos pelas manchas transversais.

São Paulo – As conhecidas listras coloridas fazem de Júpiter um dos mais fotogênicos entre os planetas do Sistema Solar e podem remeter a um cenário de tranqüilidade, mas o cenário real está longe disso. Um novo estudo, feito a partir de imagens obtidas pelo telescópio espacial Hubble, mostra uma atmosfera turbulenta, com intensas correntes de ar que chegam a 30 quilômetros acima das mais altas nuvens e atingem velocidades maiores do que 600 quilômetros por hora.

Para penetrar de forma inédita na densa atmosfera do gigante gasoso, um grupo internacional de cientistas combinou dados do Hubble com outros conseguidos durante a passagem pelo planeta da sonda New Horizons que tem Plutão como destino, no início de 2007.

Em artigo publicado na revista Nature, Agustin Sanchez-Lavega, do Departamento de Física Aplicada da Universidade do País Basco, na Espanha, e colegas descrevem a formação de correntes de jatos na superfície do maior planeta do Sistema Solar o mesmo fenômeno ocorre em Saturno.

A última vez que um evento do tipo havia sido observado foi em 1990. Dessa vez, os pesquisadores não apenas conseguiram registrar detalhadamente o fenômeno como também o seu desenvolvimento. O resultado é facilmente perceptível nas imagens divulgadas pelo estudo, que ganharam a capa da Nature.

A formação de duas correntes de jato foi identificada em março de 2007 e os cientistas monitoraram o desenvolvimento nos meses seguintes. Por meio da análise das imagens, os autores da pesquisa ?verificaram que as correntes convectivas ultrapassaram substancialmente a tropopausa, a fronteira horizontal na atmosfera localizada acima da maior parte das nuvens que geralmente atuam como um ?tampão? dinâmico e estável dos fenômenos meteorológicos?, descreveu Kunio Sayanagi, do Laboratório de Planetologia da Universidade de Louisville, nos Estados Unidos, em comentário sobre o estudo na mesma edição da revista.

De acordo com Sanchez-Lavega e colegas, as tempestades devem ser extremamente energéticas, uma vez que se estendem verticalmente por mais de 100 quilômetros a partir de sua base. Para efeito de comparação, na Terra as torres de cúmulos são dez vezes menores.

Os autores destacam que, após o registro de como se formam as correntes de jato, mais estudos serão necessários para tentar descobrir o que causam tais eventos meteorológicos. 

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