Isca artificial para barbeiros

Uma isca artificial capaz dedetectar uma população inteira de barbeiros é a mais nova invenção de um grupo de pesquisadores do Centro de Pesquisa René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz, em Belo Horizonte. O produto, que poderá ajudar no controle da doença de Chagas, imita um feromônio produzido pelos barbeiros a mistura de odores usada para comunicação do inseto transmissor da doença.

O grupo estudou o comportamento dos barbeiros e constatou que, em geral, eles vivem nos domicílios rurais de baixa renda, onde paredes de barro apresentam fendas estreitas por onde o inseto se instala e contamina o homem.

Os testes para o desenvolvimento das iscas foram realizados com três espécies transmissoras da doença de Chagas: Triatoma infestans, Triatoma braziliensis e Panstrongylus megistus. "A partir da identificação de uma série de odores presentes nas fezes dos barbeiros, chegamos a um conjunto de substâncias sintéticas capazes de simular os mesmos efeitos das fezes", explicou o coordenador da pesquisa, Marcelo Lorenzo.

A partir dos odores artificiais, os cientistas construíram dois abrigos feitos de papelão, um com a isca química e o outro limpo. "Cerca de 70% dos insetos se dirigiram ao abrigo com as iscas, comprovando a eficácia das misturas químicas para atrair os barbeiros", explica Lorenzo.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença de Chagas acomete cerca de 20 milhões de pessoas apenas na América Latina. A infecção ocorre quando alguém é picado por um barbeiro contaminado pelo protozoário Trypanosoma cruzi. "É uma enfermidade que não conta com uma vacina específica e nem com tratamento eficiente para a maior parte dos casos crônicos", conta Lorenzo.

Segundo o cientista, a melhor estratégia utilizada pelas autoridades de saúde atualmente é o controle do inseto vetor por meio de inseticidas. "Para isso, precisamos saber os lugares em que a população de barbeiros está instalada", disse.

Após testar a novidade em laboratório, o grupo do Centro de Pesquisa René Rachou pretende experimentar as iscas no campo já nos primeiros meses de 2005. O produto será usado em regiões endêmicas de Minas Gerais e do Ceará.

Os pesquisadores querem saber se as iscas são eficientes para detectar a presença de barbeiros em locais de baixa densidade de infestação, além de descobrir se elas são capazes de atrair também outros insetos. Em um caso real, explica Lorenzo, após a identificação das áreas de ocorrência dos barbeiros, poderia ser feita a eliminação dos insetos com a aplicação de inseticidas. (Agência Fapesp)

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