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Castilho: não existe transação 100% segura via internet. continua após a publicidade |
Os constantes alertas sobre a quebra da privacidade com a exposição excessiva em comunidades sociais, como Orkut, Myspace e Facebook, já aumentou a conscientização sobre o problema. Mas a internet ainda esconde vários mecanismos elaborados pelas empresas para saber mais sobre você. Ações simples como mandar uma mensagem para listas de discussão, fazer comentários em blogs e fotologs e fazer buscas na rede podem ajudar a empresas, e por conseqüência a possíveis fraudadores, na hora de traçar um perfil do usuário.
De acordo com o especialista em segurança digital e diretor da E-NetSecurity, Wanderson Castilho, a lógica da perda da privacidade permanece a mesma de antes do uso da internet. ?Não estamos mais expostos do que antes. Antigamente era necessário obter os dados de quem se queria através da conversa com um amigo, parente próximo ou até através dos filhos dele. Uma das práticas era ligar e a criança contava tudo. ?Quanto papai ganha??, ?O que ele faz??. Com a existência da identidade virtual foi a coleta das informações que ganhou agilidade?, disse.
Castilho propôs um teste simples para confirmar a tese: basta buscar na internet o nome dos avós ou pais e logo depois o seu próprio nome. ?Existem ferramentas que fazem buscas simultâneas em vários mecanismos. Uma delas procura em sete deles ao mesmo tempo. Como cada uma tem uma lógica diferente, retornam resultados distintos, o que aumenta a eficiência da coleta de informações sobre determinada pessoa. Muitos de nossos pais e avós ainda não fazem uso intenso da internet, por isso seus nomes não retornam resultados invasivos a privacidade.?
O uso da técnica permite que, em um clique, seja possível descobrir o que determinada pessoa, supostamente descuidada com a questão, faz, para que time torce, que lugares freqüenta, tudo o que é necessário para que seja feita uma intervenção. ?Cerca de 380 milhões de pessoas acessam a internet simultaneamente. Vamos supor que 0,1% dessas pessoas têm intenções hostis. É muita gente que pode causar problemas?, afirmou.
Segundo o especialista, a complementação da identidade real com a contraparte virtual facilitou também uma das mais tradicionais polêmicas da vida em grupo em sociedade. ?Hoje, posso forjar uma foto da pessoa ao lado de uma mulher nua e enviar pra 20 amigos dela. No passado, isso era menos danoso e não passava de fofoca, boato ou conversa sem muita seriedade?, disse. A prática também chegou às comunidades sociais, onde a clonagem e o roubo de perfis já causam dor de cabeça aos usuários. ?O remédio é não expor sua vida intima na internet. Atualmente, as empresas até olham o seu nome no Orkut e vêem as comunidades que você participa, seus amigos, seus comentários, vasculham a sua vida.?
Outro lado da perda de privacidade na internet está na atuação das empresas, que buscam benefícios econômicos com as informações sobre os usuários. De acordo com Castilho, a interligação entre elas pode render boas iniciativas, como sistemas de proteção ao crédito, mas também vazamentos de dados sigilosos. ?Quando você digita seus dados em uma loja de compras, por exemplo, aceita a política de privacidade daquele estabelecimento. Acontece que há um comércio muito forte dos chamados mailings, lista de e-mails de potenciais consumidores. Suas informações podem ser vendidas ilegalmente?.
O especialista também acrescenta que não existe transação 100% segura via internet, mas descarta a proteção total também para outras transações efetuadas eletronicamente. ?Você não está totalmente seguro comprando via internet, mas também não obtêm essa proteção pagando no cartão de crédito num posto, por exemplo. É tudo uma questão de buscar estabelecimentos confiáveis para efetuar suas compras?, concluiu.