A Cúpula Mundial da Sociedade da Informação promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), realizada na semana passada em Túnis, na Tunísia, teve resultados satisfatórios. Na principal discussão do evento, sobre o controle dos EUA no Icann – uma empresa sem fins lucrativos, baseada na Califórnia, que responde ao Departamento de Comércio americano -, o país assinou uma série de princípios sobre a governança pela internet, proposta pela União Européia (UE). Na prática, o governo americano mantém o controle da internet e cede apenas em poucos aspectos, como consultar um país toda vez que o seu domínio de primeiro nível, como .br, estiver em discussão.
?Não mudamos o papel do governo dos Estados Unidos, nos aspectos técnicos que estávamos preocupados?, afirmou David Gross, principal negociador dos Estados Unidos, em entrevista à rede inglesa BBC. O acordo simplesmente ratifica a posição que os EUA vêm defendendo há quase três anos. A administração do Sistema de Nomes de Domínios, fundamental para o tráfego na internet, continuará a cargo da Icann. O documento também prevê a criação de um fórum internacional, para debater cerca de 40 temas relacionados à governança da internet.
É verdade que o fórum – cuja primeira reunião será em 2006, na Grécia – não terá mandato para supervisionar a Icann, como reivindicavam alguns países. A União Européia, no entanto, assegurou que a criação do fórum acabará levando a ?uma maior internacionalização da governança da internet?. No seu discurso, o chefe da delegação brasileira – o ministro da Cultura, Gilberto Gil – disse que o acordo serviu para ?incorporar de maneira irreversível, na agenda internacional, o tema da governança na internet?. A convocação para o fórum ficará a cargo do secretário-geral das Nações Unidades, Kofi Annan.
Laptop barato
O protótipo do laptop de US$ 100 (cerca de R$ 240), apresentado durante a cúpula, foi apontado como a grande solução para a inclusão digital de crianças carentes nos países em desenvolvimento. O objetivo do Laboratório de Mídia do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), criador da máquina, é oferecer o equipamento, nos próximos anos, nos seis maiores países em desenvolvimento da América Latina, da África e da Ásia.
No pronunciamento na Cúpula Mundial da Sociedade da Informação, o ministro Gilberto Gil disse que o Brasil está negociando com o MIT a aquisição do laptop, mas não mencionou datas. Movido a manivela, pilha ou eletricidade, o laptop de US$ 100 tem o tamanho de um livro e a cor verde brilhante – para agradar as crianças e passar uma mensagem ambiental. O MIT estipulou um pedido mínimo de um milhão de máquinas e pagamento adiantado. A expectativa é que as primeiras remessas comecem a sair já no final de 2006 ou início de 2007.