Enquanto os estudos com células-tronco embrionárias, liberadas há menos de seis meses pelo Supremo Tribunal Federal (STF), ainda estão em fase inicial no Brasil, pesquisas com células-tronco retiradas de pacientes adultos andam a todo vapor, algumas em estágios bem avançados. O médico cardiologista do Hospital de Clínicas (HC) da Universidade Federal do Paraná (UFPR), Ricardo Westphal, conta que, só na sua área, há pelo menos três importantes projetos em andamento no hospital.
Um deles, segundo Westphal, já completou um ano. Prevê o tratamento de pelo menos 30 pacientes e já está na décima pessoa. Trata-se de uma pesquisa para tratar a chamada miocardiopatia dilatada, problema que causa aumento do coração e diminuição de sua função de bombeamento, gerando dificuldade em esforços de grande e média intensidade. O tratamento convencional é com medicamento ou transplante. “As células-tronco dos pacientes são retiradas do osso do quadril do paciente, e inseridas no coração”, explica. Os cerca de 100 mililitros de sangue vão para o laboratório, onde as células-tronco são isoladas.
Depois, por meio de cateterismo, o material é injetado em três coronárias do coração. A pesquisa, segundo ele, é financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPQ).
Outra pesquisa, esta financiada pelo governo do Estado – é destinada a doentes que já tiveram infarto, ou já passaram por cirurgia cardíaca, e não têm vasos disponíveis para pontes de safena ou arterial. “Aplicamos uma injeção com células-tronco no músculo do coração, na área que está sem possibilidade de colocação de uma ponte”, diz o médico. A injeção é aplicada com agulhas pequenas, parecidas com as usadas para aplicação de insulina em pacientes diabéticos.
Westphal também lembra de outra pesquisa, também destinada a pacientes com miocardiopatia dilatada, na qual nem os médicos, nem os pacientes, sabem quem vai receber as células-tronco. “É o chamado duplo-cego”, completa, lembrando que o projeto tem o financiamento do Ministério da Saúde. Em todas as pesquisas, segundo Westphal, são usadas células-tronco do próprio paciente.